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domingo, 29 de março de 2009

Romançal Paranambuco - Marcos Cordeiro




ROMANÇAL PARANAMBUCO

Marcos Cordeiro



Canto IX
ou
Romançal das Lutas
Libertárias


I

Mourão

Da Guerra Holandesa



Em Pernambuco a Holanda
tudo transforma em dinheiro.
Vai açúcar e vai madeira
pelos navios cargueiros.
Para as cortes européias
levam o ouro e as bateias
da terra dos altos coqueiros.

Enquanto cresce o Recife
jaz Olinda incendiada.
No interior da Província
dá-se início a luta armada.
Nos Engenhos se conspira
tendo a liberdade em mira,
para a guerra esperada.

Começa a Guerra Holandesa,
Pernambuco se defende.
Em Ipojuca e Tabocas
a luta cresce e se estende.
Em Casa Forte a vitória
confirma a nossa história
de que honra não se vende.

Livre está Tejucupapo,
Itamaracá e o Pontal.
Cai o Forte de Altenar,
a guerra é já crucial.
Dos Guararapes a Holanda
de Pernambuco se manda
em derrota colossal.

No vinte e seis de janeiro
assinam a rendição.
Na Campina do Taborda
venceu nossa insurreição.
Em Pernambuco a história
é feita de sangue e de glória
de quem faz Revolução.




II

Galope


Da derrota
Holandesa



Em Pernambuco o açúcar
não é para exportação
é a palavra soprada
do fole do coração.
É oração celebrada
em doce contemplação.

Nessas terras de Engenho
açúcar não é pra comer.
É palavra engatilhada
para os flamengos vencer.
É a doce consciência
de um novo amanhecer.

O açúcar como senha
das casas grandes corria.
Doce aroma libertário
de boca em boca saia,
doce caldo fermentado
e ideais e idéias.

Em Pernambuco o açúcar
tem outra conotação
não faz garapa nem mel
faz luta e revolução
para afastar a Batávia
da nossa terra e Nação.

Nessas terras de açúcar,
de barro ocre e escuro,
além da cana indiana
se produz o mel de furo
das idéias libertárias
de Pernambuco futuro.

Não foi o mar salgado
que derrotou os batavos,
foi o mar doce de cana,
foi o mel e o mascavo,
foi o mar-canavial
dos taifeiros escravos.

Os heróis do mar salgado
vencem águas na Holanda,
só não vencem o doce mar
das canas da Nova Holanda,
só não vencem a doca armada
que Pernambuco comanda.

Não foi o mar salgado
que a Nassau expulsou,
foi no mar doce das canas
que a Holanda naufragou.
Foi nos rochedos da honra
que sua armada tombou.

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