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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

MARCOS CORDEIRO - 40 ANOS DE PINTURA





























































40 Anos de Pintura – Uma dissertação de vida e superação.

Desde os já longínquos dias da minha infância em Sertânia até o presente, tentei e talvez tenha conseguido traçar, isto é, desenhar, pintar e, posteriormente, escrever parte do meu testemunho de vida e superação da minha condição de migrante do sertão pernambucano no Recife.
Egresso de uma região eminentemente agrícola, em 1958, desembarquei pela primeira vez do trem da Great Western na Estação Central da reservada e elitista capital da Civilização do Açúcar, naquele tempo ainda a 3ª Capital do Brasil, para estudar no Colégio Salesiano onde cursei a 2ª e a 3ª séries do curso Ginasial.
Em 1960 retornei para Sertânia onde terminei o Curso Ginasial. Munido dos conhecimentos adquiridos no Ginásio Olavo Bilac de Sertânia e no Colégio Salesiano, voltei para o Recife trazendo na bagagem a vontade de continuar aprendendo tudo o que fosse possível e estivesse a meu alcance.
Munido de uma curiosidade inata e da carga genética herdada do meu pai, para as artes. Além de poeta notável, foi dramaturgo, ator, cantor, compositor e músico. Tudo isso influenciava a minha curiosidade e coragem para ir, se possível, além. Isto é, tentando a aventura de penetrar e conquistar o território fascinante das Artes Plásticas.
Esse desejo originou-se, creio eu, ainda na infância quando auxiliava a minha mãe no mister de traçar riscos nos papéis de seda para os seus bordados admiráveis. Com minha mãe eu iniciava uma parceria, que perdura até hoje, com lápis, papéis e carbonos para tornar mais bela e prazerosa a aventura da vida de muitas daquelas pessoas que encomendavam belos bordados para seus enxovais, ou vestidos das festas do América ou do dia 8 de dezembro, Natal e Ano Novo.
Tudo isso na pequena e conservadora cidade que até a véspera do meu nascimento se chamava Alagoa de Baixo. Minutos após a adoção do novo nome de Sertânia, cheguei ao vale do Rio Moxotó no dia 1º de janeiro de 1944, nascido do poeta Waldemar de Sousa Cordeiro e de Iraci Gomes Raphael de Sousa Cordeiro.
Nesse dia 1º de janeiro de 1944, eu e João Bezerra Cordeiro, meu futuro amigo de adolescência, fomos as duas primeiras crianças nascidas na cidade batizada de Sertânia, pelo admirável poeta e memorialista Ulisses Lins de Albuquerque.
Após os estudos fundamentais em Sertânia e secundário e superior no Recife onde residia em pensões da Boa Vista e na Casa do Estudante de Pernambuco no Derby, fixei-me definitivamente em Olinda. Ainda na Faculdade de Odontologia como pintor amador, curioso e enxerido, participei pela primeira vez de uma mostra de pintura, no Diretório Acadêmico. Posteriormente participei de várias outras exposições, sempre como pintor autodidata.
Pernambuco tal e qual a maioria dos outros Estados brasileiros, cultiva, até hoje, traços fortes de uma sociedade conservadora e elitista, principalmente nas áreas da política e da cultura. Esse elitismo se confirma como: Elite artística, Elite política, Elite econômica, Elite jurídica, Elite acadêmica, Elite científica, Elite musical, Elite teatral, Elite social, Elite futebolística, Elite médica, Elite odontológica, Elite comercial e outras elites...
Ser pintor ou escritor, hoje é bastante “chic”, mas, naquela época, eram profissões esnobadas pelas elites, a não ser que o candidato tivesse um sobrenome tradicional, engenho, fazenda, usina ou uma boa conta bancária, quando então as mesmas profissões eram endeusadas, e os possíveis gênios artísticos iam para a Europa realizar seus estudos e conhecer o mundo da mais alta cultura.
Com o modismo da filosofia marxista ou esquerdista adotada por revoltados, contestadores, estudantes e intelectuais, uma nova elite estabeleceu-se na sociedade pernambucana. A elite de esquerda. Quem não fosse da elite econômica, oriunda da cultura açucareira, teria que ser da elite intelectual de esquerda. Ambas muito fechadas e discriminatórias. Para a maioria dos “cultos”, quem não fosse de esquerda era “burro”. E como tudo que envolve poder, muitos abraçaram essa causa não por ideologia, mas, porque era vantajoso sob vários aspectos...
Para um matuto desconfiado como eu, que não me filiei ativamente a nenhum grupo ou “clã”, não foi muito fácil conseguir penetrar nesse meio, altamente fechado, das Artes de Pernambuco. Essa situação, por incrível que pareça, parece persistir, em parte, até hoje. Durante esses quarenta anos participei de muitas exposições e salões oficiais em Pernambuco, em outros Estados brasileiros e no Exterior.
Apesar das inúmeras dificuldades consegui alguns prêmios, para mim importantes, nessas décadas e nesse contexto. Com o modesto reconhecimento advindo dos prêmios conquistados, apesar do desdém de alguns, dei continuidade a minha paixão e fidelidade às artes plásticas até o presente.
No acervo exposto no MAC de Pernambuco em Olinda, pode-se observar o meu caminhar por diversos estilos e fases.
Ao observar os trabalhos em exposição nessa modesta mostra comemorativa dos meus 40 anos de pintura e literatura, posso dizer para a memória dos meus pais, meus filhos, netos, familiares e amigos, que foi positiva, que VALEU a minha incursão nessas áreas do conhecimento humano.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Sinhás pernambucanas - Felismina Gomes dos Santos

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Sinhá Dona Felismina Gomes dos Santos


Minhas avós, infelizmente, não as conheci. A avó materna – Leonila Gomes Raphael, e a paterna – Maria de Souza Ferraz Cordeiro.
Delas conheço umas poucas fotos e cartas. Uma carta da avó Leonila para a minha tia Anunciada Gomes Câmara e outra da avó Mariquinha ou Maria para minha mãe Iraci. Porém, conheci uma tia-avó, entre outras tias-avós, que foi como uma verdadeira avó materna de tão próxima era ela da minha mãe e das minhas irmãs, principalmente Maria do Carmo que viveu parte da sua infância em sua companhia. Era ela Felismina Gomes dos Santos ou Nenen como a chamávamos carinhosamente. Com a sua bondade e dedicação supriu em parte, para nós, a ausência da sua irmã Leonila.

Conheci Nenen em Monteiro – PB, onde ela vivia desde que saíra da velha e patriarcal Fazenda Caiçara dos Gomes em Jabitacá – PE, onde viveu a maior parte da sua vida em companhia de seus pais, meus bisavós, Dona Honorata Arcelina de Jesus e o Coronel José Gomes dos Santos.

Outras vezes encontrei-a, tanto quando ia ao Monteiro ou quando ela estava de passagem por Sertânia a caminho de Jabitacá ou Recife. Celibatária convicta, Nenen era bastante religiosa e dedicada à Igreja Católica, na qual era membro da Irmandade do Coração de Jesus.
Nenen foi uma segunda mãe para a minha tia Carmelita (Belita) Gomes Raphael Leite, que foi criada com a avó Honorata (Mãe Velha) na Faenda Caiçara, juntamente com o primo/irmão José Gomes Câmara, e desde então Nenen a ela se apegara, Mas, era bem próxima também das outras sobrinhas, filhas da irmã Leonila.
Ao contrário de seus irmãos e irmãs, nascidos em São Caetano no Agreste pernambucano, ela e Leonila, as mais jovens, nasceram na Fazenda Caiçara, então Município de Afogados da Ingazeira. Lá mesmo, ante a paisagem memorável e saudosa da Serra Branca e da Serra da Carnaíba, aprendeu as primeiras letras e as demais artes tradicionais da mesa, da culinária, dos bordados e das costuras, como convinha a toda moça de família patriarcal, com a sua mãe Honorata.
Apesar de bastante reservada e silenciosa, conta-se que cultivou uma grande paixão por um jovem de distinta família, a qual não se concretizou devido a empecilhos que poderiam ter sido perfeitamente contornados não fosse o orgulho de família e a timidez tão comuns naquela época. Discreta, cultivou aquele amor como um jardim invisível que, certamente, perfumou a sua vida e a sua solidão até a sua morte, ainda sexagenária, em Monteiro.
Segundo depoimento de minha irmã que com ela viveu algum tempo, Nenen, apesar da aparência fechada, era-lhe muito afeiçoada, e da infância é do seu carinho e dedicação que guarda a melhor lembrança...
Querida e respeitada pelos numerosos irmãos e irmãs, Nenen era dotada de grande autoridade e força moral. Através das fotos dos álbuns da família, temos raras fotos de Nenen em passeios com Belita pelo Recife, Maceió, Jabitacá e Sertânia, quase sempre em discretas aparições.
De suas heranças, que as teve de terras e gados e alguns outros mimos, para os pósteros legou, além das poucas fotos, três jóias herdadas de Honorata, pelo seu inesquecível valor e sabor: O queijo de manteiga feito no fundo de um saco de algodão, próprio para isso; o inimitável doce de batata-doce e o dourado bolo grude, feito da “goma” da mandioca, coco, leite, açúcar, saudades e afeto, bem típico na região sertaneja de Pernambuco.
Ah! Foram delícias que o insano tempo não levou, pelo menos da memória de quantos as saborearam e da minha lembrança que afetivamente guardei para que hoje, agradecido e saudoso a eternize nesta página.
Se viva fosse, Nenen faria hoje, 1° de agosto, 126 anos.
Obrigado Nenen, por ter te conhecido.
Obrigado Nenen por ter saboreado suas inesquecíveis criações culinárias.

Olinda, 1 de agosto de 2011

sábado, 8 de janeiro de 2011

Museu da Casa Pernambucana - Academia Pernambucana de Letras

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Presidente Waldênio Porto e sua esposa Dona Anunciada Porto

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Visita do Presidente Waldênio Porto, Tesoureiro
Olímpio Bonald Neto e membros do Núcleo Feminino ao Atelier da restauradora Pérside Omena no Poço da Panela quando da restauração de diversos quadros do Acervo da APL em 2010.
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Museu da Casa Pernambucana

O ilustre solar Rodrigues Mendes não é só o cenáculo de acadêmicos e autores das Letras Pernambucanas que formam a Academia Pernambucana de Letras. As suas salas e salões ao abrigarem um valiosíssimo acervo de mobiliário, pinturas, gravuras, desenhos, esculturas, porcelanas, livros e imaginária religiosa, entre outros objetos, nos dão o testemunho da riqueza e do apogeu da nobreza pernambucana diretamente ligada à cultura canavieira. Essa nobreza com seus brasões, condes e barões, tinha nas casas grandes dos seus engenhos e palacetes do Recife o seu mundo totalmente inspirado nos modelos e costumes europeus. Para resguardar essa memória materializada nos seus móveis de estilo Beranger ou Pernambucano, nas suas porcelanas de Macau, Companhia das Índias, Limoges, Meissen, Wedgwood, Dresden, entre outras, nas suas faianças inglesas e francesas, nada melhor do que o mais belo exemplo de solar clássico do Brasil - o magnífico solar Rodrigues Mendes, ex-residência do Barão João José Rodrigues Mendes, que além de abrigar a Academia Pernambucana de Letras, também sedia o Museu da Casa Pernambucana. Constituído de notáveis peças dos sec. XIX e XX, o seu acervo abrange diversos estilos artísticos desde europeus ao colonial pernambucano e brasileiro.
Fundado pelo Presidente Waldemir Miranda que considerava a sua maior realização, durante a sua gestão, como presidente da Academia no decênio 1982/1992, graças ao trabalho incansável da sua dedicada esposa Dona Ione Miranda a frente do Núcleo Feminino de Apoio a Academia que congregava diversas esposas de acadêmicos. Lideradas pela primeira dama Dona Ione Miranda, essas senhoras se dedicaram de corpo e alma a campanha de aquisições e doações de peças raras e demais objetos de arte para a formação de rico acervo da Academia Pernambucana de Letras, que de tão importante deu origem ao Museu da Casa Pernambucana.
Com a recente restauração do solar Rodrigues Mendes e do “jardim dos imortais” pelo presidente Waldênio Porto, o sonho de Waldemir e Ione Miranda, finalmente, realizou-se para glória das letras e da cultura pernambucana. Parabéns a atual diretoria nas pessoas de Waldênio Porto, Antônio Correia, Dirceu Rabelo, Rostand Paraíso e Olímpio Bonald Neto e ao atual Núcleo Feminino de Apoio a Academia nas pessoas das senhoras Anunciada Porto, Zenaide Bonald, e Fátima Parahim Xavier pelo apoio e participação na catalogação e inventário do acervo do Museu da Casa Pernambucana.

Marcos Cordeiro – Coordenador da Comissão de catalogação e inventário da APL.