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terça-feira, 28 de abril de 2009

Etelvino Lins de Albuquerque - Centenário de Nascimento
















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Etelvino Lins de Albuquerque
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Marcos Cordeiro
10 de novembro de 2008
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No dia 20 de novembro de 1908, nasceu Etelvino Lins de Albuquerque, em Alagoa de Baixo, hoje município de Sertânia - Pernambuco, filho primogênito de Ulisses Lins de Albuquerque e Rosa Bezerra Lins de Albuquerque.
No Recife, realizou os cursos preparatórios nos Colégios Oswaldo Cruz e Diocesano Pernambucano. Aprovado em concurso dos Correios para exercer a função de telegrafista, ali trabalhou no período de 1927 a 1929, quando ainda era aluno do curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade de Direito do Recife, concluído em 1930, juntamente com o seu pai, o poeta e memorialista Ulisses Lins de Albuquerque da Academia Pernambucana de Letras.
Líder estudantil, nessa época já revelava a sua tendência para a política, participando do combate ao governo de Estácio Coimbra.
Após a sua formatura em Direito, deixou o trabalho nos Correios e foi exercer a função de promotor público das Comarcas de Goiana (1931-1932) e de Caruaru e, nesta última cidade, foi professor do Ginásio local.
Politicamente, o Brasil vivia um período de muita agitação com a Revolução de 1930. Em Pernambuco, a revolução provocou mudanças políticas profundas. Em agradecimento ao apoio recebido de Carlos de Lima Cavalcanti para a sua candidatura a presidência do Brasil, Getúlio Vargas nomeou-o Interventor Federal de Pernambuco (1930-1937).
Em 1933, Etelvino Lins casou-se com D. Djanira Falcão, da sociedade de Monteiro – PB, que o acompanhou em toda a sua vida profissional e política, e com ela teve oito filhos. Filha do Coronel Francisco Cândido Falcão, nascido na cidade de Pesqueira e cunhado de Delmiro Gouveia, D. Djanira Falcão é sobrinha de D. Anunciada Falcão Gouveia, esposa do célebre pioneiro da eletrificação do Nordeste Brasileiro.
Ainda em 1933, Etelvino Lins foi nomeado para a 2ª Delegacia do Recife e, no final deste ano, passou para a Delegacia Auxiliar.
Neste cargo ele participou para a derrocada da Intentona Comunista - rebelião político-militar promovida pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), em novembro de 1935, em Pernambuco, com o objetivo de derrubar o Presidente Getúlio Vargas e instalar um governo de inspiração comunista no Brasil. Católico convicto, republicano e democrata, ele vislumbrava a possibilidade da instauração de um regime totalitário com a implantação, pela força, de uma Ditadura do Proletariado com a extinção da propriedade privada e a estatização dos meios de produção. No Recife, o movimento foi liderado pelo Tenente Lamartine Coutinho e pelo Sargento Gregório Bezerra.
Pelo seu posicionamento pela Democracia contra o Comunismo e pela “tolerância zero” ao banditismo no Estado, sofreu uma permanente campanha de calúnias e vilipêndios da parte de alguns intelectuais e da esquerda stalinista pernambucana que tentaram responsabilizar o seu governo, anos depois, pelo incidente lamentável da morte do estudante Demócrito de Sousa Filho em 1945, sem nenhuma prova ou testemunho ocular do autor do disparo que o vitimou.
Ainda durante a vigência do Estado Novo, exerceu as funções de Secretário Estadual de Governo, em 1937 – quando o interventor era Amaro de Azambuja Vilanova, logo substituído por Agamenon Magalhães –, e Secretário de Segurança, no período de 1937-1945. Nesse último ano assumiu o governo de Pernambuco por um (1) ano (março a novembro de 1945), quando Agamenon foi nomeado para o Ministério da Justiça e Negócios Interiores.
Diversos historiadores afirmam que Agamenon Magalhães foi inspiração para muitos políticos pernambucanos como Paulo Guerra e Etelvino Lins, entre outros. Considerado a personificação do Partido Social Democrático (PSD) articulado e criado por ele no estado de Pernambuco, teve o apoio de Etelvino Lins que ficou responsável pela sua organização.
A partir de 1950, Agamenon sucede Barbosa Lima Sobrinho no governo de Pernambuco. Passados dois (2) anos, com o falecimento de Agamenon e, por não ixistir a figura de vice-governador, o presidente da Assembléia Legislativa, Torres Galvão, assume o governo do Estado. Etelvino Lins assume a liderança do PSD em Pernambuco e a sua candidatura ao governo do Estado é lançada pelo mesmo e é apoiada, além do PSD, pela UDN, PDV e PL, com exceção do PSB, Partido Socialista Brasileiro que lançou Osório Borba. Etelvino ganhou as eleições e ficou no governo de 1952 até 1955. Para assumir o cargo, renunciou ao seu mandato de senador que exercera no período de 1946 a 1952.
De 1955 até 1959, exerceu o cargo de Ministro do Tribunal de Contas da União, nomeado que fora pelo Presidente Café Filho.
Em 1955 foi lançado candidato a Presidência da República pela UDN, porém renunciou em favor do general Juarez Távora que concorreu com Juscelino Kubitschek.
De 1959 a 1975, exerceu o mandato de Deputado Federal por Pernambuco.
Deve-se a Etelvino Lins de Albuquerque a Lei que proíbe aos candidatos doar alimentos e transportes para os eleitores com a finalidade de angariar votos.
Apesar de alguns julgamentos revanchistas e sumários da sua vida pública dedicada inteiramente ao seu Estado, no dia 18 de outubro de 1980, com 72 anos, faleceu Etelvino Lins de Albuquerque, tranqüilo e consciente da sua profícua militância política e da sua inatacável honestidade e postura ética. Pobre ingressou na política e tão pobre saiu da mesma, como testemunharam todos aqueles que um dia privaram da sua convivência e amizade.
Pelo seu governo de austeridade e competência a frente dos destinos do seu Estado, pela sua postura democrática e corajosa, muito deve a Etelvino Lins o Estado de Pernambuco e a democracia brasileira.
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Dados sobre Etelvino Lins de Albuquerque
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Nascimento: 20/11/1908
Natural de: Sertania - PE
Filiação: Ulisses Lins de Albuquerque
e Rosa Bezerra Lins de Albuquerque
Falecimento: 18/10/1980
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Histórico Acadêmico
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Primário Colégio Oswaldo Cruz
Secundário Colégio Diocesano e Ginásio Pernambucano
Superior Faculdade de Direito
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Cargos Públicos
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Promotor Público em Goiana
Promotor Público em Caruaru
Segundo-delegado Auxiliar, Recife
Ministro do Tribunal de Contas da União
Secretário de Governo - Pernambuco
Secretário de Segurança Pública - Pernambuco
Interventor - Pernambuco
Primeiro-delegado Auxiliar, Recife
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Profissões
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Magistrado
Advogado
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Mandatos
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Senador - 1946 a 1952
Governador - 1952 a 1955
Deputado Federal - 1959 a 1963
Deputado Federal - 1971 a 1975
Interventor - 1945 a 1945
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Trabalhos Publicados
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- Um Depoimento Político; Episódios e Observações. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1977. 163. P. Il. (Senado, Câmara, UnB);
- Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco. Recife: Imprensa Oficial, 1954. 226 p;
- Observações sobre a Realidade Política Nacional: Pronunciamentos. Brasília: Câmara dos Deputados. Coordenaçõa de Publicações, 1974. 62 p;
- Pernambuco. Governador (1952/1955: E. Lins de Albuquerque).
- Mensagem apresentada a Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco. Recife: Imprensa Oficial. 1954. 226 p



quinta-feira, 23 de abril de 2009

Maria Carmen de Queiroz Bastos - A Mestra do traço, da forma e da cor do Trópico

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Maria Carmen - A Mestra da Rua Saldanha Marinho em Olinda

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Pintora, escultora e desenhista, Maria Carmen é pernambucana do Recife. Artista das mais criativas e atuantes no cenário cultural de Pernambuco, se sobressai pela força dos seus trabalhos artísticos, seja na pintura quanto na escultura e no desenho onde demonstra toda uma magnifica epifania sem concessões ou meias tintas. Detentora de um estilo personalíssimo, seu trabalho sugere em certos momentos uma agressividade aparente pela força do traço da sua imagística de caráter ao mesmo tempo telúrico e autobiograficamente apocalíptico. Se das suas mãos saem flores, também saem espectros dramaticamente humanos e até mesmo "roboticamente" humanos. Mãos e mente totalmente sincronizadas na revelação do caos ou da poesia do mundo atual. Suas mandalas, desenhos, esculturas e pinturas, dependendo das possíveis leituras, se não forem sentenças serão profecias.
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Marcos Cordeiro, 24 de abril de 2009.

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Geraldo Falcão - Antologia de Poetas Pernambucanos
















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Geraldo Falcão -
Antologia de Poetas Pernambucanos - 11

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Piano do Grande Hotel
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Os sons dos martelos
batendo nas cordas
de chuva, cristal,
retesas, contidas
no móvel suspenso
na luz da salão.
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O som do metal
na concha do ouvido
reparte o silêncio
com toques timbrados
por dedos que dançam.
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Esquife estendido
no palco emsombrado
(esquife ou patíbulo?)
silentes espectros
dormentes, velados
por sons e silêncios
de velhos saraus.
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Distantes as mãos
esgarçam a valsa
em tons que desmaiam
na tarde desnuda.
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No coche de espelhos
viaja a mulher,
as mãos, as estrelas,
os dedos, os raios
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cadentes as luzes
andando no espaço
são aves que pousam
nas teclas da pele
tocando em silêncio
um solo de amor.
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"... admirável o explêndido ritmo de seus versos e a força de imagens como "leviatãs que emergiram de crateras" e "crinas de espumas, mil centauros loucos" ..................................................................................................................... Moacir Scliar
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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Memória - Adalgisa Raphael Gomes






















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Dona Adalgisa Raphael Gomes
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Filha do Sr. João Ferreira Gomes e de Dona Áurea Teixeira de Vasconcelos Raphael, nasceu na lendária Fazenda Cacimba Nova, cantada e imortalizada em verso e prosa por diversos poetas e músicos. Dona Adalgisa Raphael era neta pelo lado paterno de Dona Honorata Arcelina de Jesus e do Coronel José Gomes dos Santos da Fazenda Caiçara - Jabitacá - PE, e pelo lado materno do Ex Chefe Político e Prefeito de Afogados da Ingazeira - PE, Coronel Paulino Raphael da Cruz da Fazenda Varzinha, também em Jabitacá, Município de Iguaraci - PE. Católica fervorosa, foi um exemplo de bondade e humildade. Amiga dedicada de todos, deixa um exemplo digno de ser relevado e guardado por todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-la e privarem da sua convivência e amizade. Descendente de duas importantes famílias pernambucanas - Gomes dos Santos e Raphael que se destacaram na povoação das regiões do Pajéu e do Moxotó em PE., e do Cariri na Paraíba, era um valioso arquivo vivo da cultura de um "Coronelismo cristão" onde a caridade e a solidariedade era a sua maior virtude. Da minha parte e da minha família, como primos e amigos, fica a nossa homenagem nessa singela postagem em sua saudosa memória.
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........................................................................................................... Marcos Cordeiro
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Bilhete quase elegia para Adalgisa Raphael
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Daqui dessa cidade
tão distante, te remeto
inutilmente contrafeito,
o meu pesar neste poemeto,
colhido inteiro no canteiro
das saudades.
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Para ti, sei que é pouco,
porém, mesmo de longe,
entre cigarras e pássaros,
recitarei, como se um monge,
este poema e do livro santo:
os salmos.
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Sei que distante estás
com minha mãe e os teus,
por entre bosques e verbenas,
louvando por nós a Deus.
Feliz com eles cantarás
e com Jesus e Maria
ficarás.
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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Origem da Literatura Ocidental



















............................... Ingênua pretensão de São José do Egito
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Origem da Literatura Ocidental
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........................................................................................ Marcos Cordeiro

É do conhecimento geral que as origens da Literatura Ocidental estão na Grécia, à excessão de alguns habitantes de São José do Egito, conforme atesta o portal à entrada daquela cidade do sertão do Pajeú que se atribui como o “berço imortal da poesia”. Mera pretensão ou simples inocência do autor ou autores do ingênuo disparate...
A contribuição da Literatura da Grécia para a formação da Literatura do Ocidente, não se resume apenas às estrofes e versos da Ilíada e da Odisséia, atribuídos a Homero. É também de origem grega o nascimento da dramaturgia européia e conseqüentemente da arte cênica ocidental. Também tiveram papel relevante na formação da Literatura Européia os poetas líricos, Hesíodo, Pausânias e outros que fixaram mitos antigos da cultura helênica. A Filosofia, a História (adotada como disciplina por Heródoto) e até mesmo a Medicina, cuja literatura foi fixada por Hipócrates e as Religiões e suas práticas, entre outras contribuições.
Por tudo isso, então, é que a maioria dos estudiosos considera que a POESIA, como parte fundamental da Literatura Ocidental, teve o seu berço na Grécia, precisamente com aqueles dois famosíssimos poemas épicos que descrevem em seus versos a história da Guerra de Tróia – a Ilíada, e a história do retorno do herói Ulisses para casa – a Odisséia. Até pouco tempo era voz comum que esses dois monumentos literários eram da autoria do grande aedo Homero, porém, atualmente algumas correntes de estudiosos sustentam a tese de que Homero é um personagem lendário, portanto, os textos teriam sido criados por diversos poetas até a sua fixação definitiva no sec. VI a.C.,em Atenas.
Entre os textos poéticos mais antigos da Literatura Grega temos também, os poemas: “Teogonia” – sobre as origens dos deuses e “Os Trabalhos e os Dias” de Hesíodo. Também merecem destaque na Poesia Lírica, diversos poetas como: Safo, Anacreonte, Simonides, Eurípides, Empédocles e Platão no Período Clássico – 2000 a 323 a.C., Asclepíades, Teócrito, Anite, Nóssis, Calímaco, Simias de Rodes, Possidipo e Alceu de Messênia, entre outros, no Período Helenístico. No Período Greco-Romano podemos citar: Melêagro, Filodemo, Crinágoras, Marco Argentário, Lucílio e Rufino, entre outros. No Período Bizantino temos Paladas, Gregório o Teólogo, Claudiano, Damásquio Filósofo, Agatias Escolástico, Juliano, Prefeito do Egito, Macedônio Cônsul, Paulo Silenciário e diversos poetas anônimos. Todos esses tiveram um papel importantíssimo na fixação e desenvolvimento da poesia epigramática grega.São integrantes da Antologia Grega ou Palatina que abrange os séculos VII a.C. a V d.C.
Na Dramaturgia se destacam: Ésquilo que introduziu na Literatura Ocidental o diálogo poético numa interação da Poesia com o Teatro. A sua mais importante obra é a tragédia Oréstia sobre os Atridas. São destaques ainda: Sófocles, Eurípides e Aristófanes com as obras: Lisístrata e As Vespas. Platão, discípulo de Sócrates, escreveu diversos textos científicos, porém, a sua mais importante contribuição para a Literatura Ocidental foi a sua Arte Poética onde já estabelece concepções do drama e parâmetros para a Crítica Literária.
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Período Clássico: 2000 a 323 a.C.
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Safo
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Contemplo Como o Igual dos Próprios Deuses
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Contemplo como o igual dos próprios deuses
esse homem que sentado à tua frente
escuta assim de perto quando falas
com tal doçura,
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e ris cheia de graça. Mal te vejo
o coração se agita no meu peito,
do fundo da garganta já não sai
a minha voz,
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a língua como que se parte, corre
um tênue fogo sob a minha pele,
os olhos deixam de enxergar, os meus
ouvidos zumbem,
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e banho-me de suor, e tremo toda,
e logo fico verde como as ervas,
e pouco falta para que eu não morra
ou enlouqueça.
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Anacreonte
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Eis a tumba do resoluto Timócrito;
a guerra poupa os covardes, não os bravos.
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Pastor, pasce teu gado longe daqui, mas não leves junto
a novilha de Míron, pensando que ela está viva.
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Simonides
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Homem, o que vês não é a tumba de Creso, mas a cova
de um pobre artesão, para mim o bastante.
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Platão
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Eu, a Laís que altiva riu da Grécia, eu que tive outrora
amantes jovens em penca à minha porta,
dedico a Afrodite este espelho, pois não quero ver
como sou e não me posso ver como era.
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Nove são as Musas, dizem alguns. Quanta negligência!
Eis a décima: Safo de Lesbos.
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Período Helenístico: 323-146 a.C.
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Asclepíades
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Com a bela Hermíone folgava eu certa vez; trazia
ela, ó Páfia, um cinto de variadas flores
onde estava escrito em letras de ouro: "Ama-me toda, mas
não te atormentes se a outro eu pertencer"
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Anite
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Vivo, este homem era Manes, um escravo, morto,
vale agora o mesmo que o grande Dario.
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sábado, 18 de abril de 2009

Audálio Alves - Antologia de Poetas Pernambucanos













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Pesqueira - Terra de Audálio
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10 - Antologia de Poetas Pernambucanos
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Audálio Alves
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Pequeno depoimento
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Tive o prazer de conhecer e conviver com Audálio na década de 70, no auge da efervescência cultural da Rua 7 de Setembro à sombra da Livro 7, naquela época, a "maior Academia Livre de Letras do Brasil". Com ele e muitos outros poetas pernambucanos , frequentávamos diariamente aquele "Petit Trianon" do Recife. Poeta dos mais importante pela força das suas metáforas e símbolos, é um dos mais expressivos da poética brasileira de todos os tempos. Na Livro 7, no seu escritório de advocacia, nas margens do Capibaribe ou na Fundarpe, só um assunto interessava, sobremaneira, ao menino de Pesqueira: a vida e a Poesia que dela tirava e nos presenteava através dos seus livros - Caminhos do Silêncio (1955), Alicerces da Solidão ( 1959-1961), Canto Agrário (1962), Romanceiro do Canto Soberano (1966), Canto da Matéria Viva ( 1970), Espaço Migrante (1981).
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Soneto Lendário
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Era de ver descalça sobre os dias
a louca e depois lenda da miragem:
aquela que deixou sobre a paisagem
o corpo transformado em ventanias.
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Os olhos, posto azuis, eram dois cárceres
de príncipes do mar e de guerreiros;
e o rosto mais campestre que os pinheiros
(pois nos altos do céu se tornam mártires).
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Era de ver, que a tarde sabe apenas
da voz que, em vez de voz, eram açucenas,
e das loucas canções que não cantamos.
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E amar, se quis, perdi-me entre pinheiros,
pois descalça se foi entre os primeiros
gestos de flor da tarde sobre os ramos.
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terça-feira, 14 de abril de 2009

Olegário Mariano - Antologia de Poetas Pernambucanos


Abolicionista José Mariano Carneiro da Cunha e o seu filho Olegário Mariano































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9 - Antologia de Poetas Pernambucanos

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Olegário Mariano - Príncipe dos Poetas Brasileiros

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O enamorado das rosas

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Toda manhã, ao sol, cabelo ao vento,
Ouvindo a água da fonte que murmura,
Rego as minhas roseiras com ternura,
Que água lhes dando, dou-lhes força e alento.
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Cada um tem um suave movimento
Quando a chamar minha atenção procura
E mal desabrochada na espessura,
Manda-me um gesto de agradecimento.
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Se cultivei amores às mancheias,
Culpa não cabe às minhas mãos piedosas
Que eles passassem para mãos alheias.
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Hoje, esquecendo ingratidões mesquinhas,
Alimento a ilusão de que essas rosas,
Ao menos essas rosas, sejam minhas.
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De papo pro ar
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I

Não quero outra vida
Pescando no rio
De jereré
Tenho peixe bom...
Tem siri-patola
De dá com o pé
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Quando no terreiro
Faz noite de luá
E vem a saudade
Me atormentá
Eu me vingo dela
Tocando viola
De papo pro ar.
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II
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Se compro na feira
Feijão rapadura
Pra que trabaiá
Eu gosto do rancho
O home não deve
Se amofiná
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Quando no terreiro
Faz noite de luá
E vem a saudade
Me atormentá
Eu me vingo dela
Tocando viola
De papo pro ar.
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In: MASCARENHAS, Mário. O melhor da música popular brasileira. São Paulo: Irmãos Vitale, 1982. v.4, p.146-147

Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco - Olinda


Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco

Olinda - PE





































Um olhar sobre o Aljube

Marcos Cordeiro


Instalado em um monumento nacional projetado em 1722 pelos Engenheiros João Macedo Corte Real e Diogo da Silveira Veloso, o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, em Olinda, foi fundado pelo eminente jornalista, intelectual, colecionador, empresário e embaixador Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo na década de 1960 e inaugurado no dia 23 de dezembro de 1966.
Irmão trigêmeo do Museu Assis Chateaubriand de Campina Grande – PB e do Museu Regional de Feira de Santana – BA, esses três museus guardam entre si não só a paternidade, o sangue e a força da terra nordestina, mas, sobretudo os seus acervos que privilegiam a arte de importantes nomes do Modernismo Brasileiro, tanto quanto, nomes do Modernismo Inglês nesse último Museu e no de Olinda com David HOCKNEY e do Modernismo Americano de Adolph GOTTILIEB.
O MAC não tem a sua história só a partir da data da sua inauguração, mas de uma série de eventos e fatos que aconteceram em Pernambuco na década de 1960 como o surgimento de diversos “Ateliês” em Recife e Olinda e o efervescente Movimento da Ribeira em Olinda, que marcou toda uma época com a sua legendária aura libertária contra o obscurantismo reinante da época da ditadura militar. Entre os Ateliês mais importantes daquela época podemos citar a Oficina 154 e o Atelier + 10 em Olinda. Para coroar toda essa intensa movimentação nada melhor do que a fundação do MAC em Olinda.
Por trás das suas paredes seculares e encimadas pelo brasão de Dom Francisco Xavier Aranha - Bispo de Pernambuco, as Coleções Assis Chateaubriand, Abelardo Rodrigues, Obras isoladas, Helenos, Salão dos Novos, Salão das Madonas, das Jóias, entre outras, formam o Acervo do MAC constituído de pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, propostas, jóias, fotografias, etc. Nos seu pavimento superior ou térreo onde até fins do século XIX eram destinados a prisão de “pretos, mulatos e feiticeiros” hoje são os mais distintos suportes para a exibição de obras de arte de artistas desde pernambucanos e brasileiros até importantes nomes da arte internacional.
Museu cosmopolita abriga desde um magnífico painel japonês de seda e de brocado do séc. XVII, passando por desenhos da fase inicial de um Walter Disney, pinturas de Gottlieb e Hockney até as obras de artistas pernambucanos ou aqui radicados como: Telles Junior, Vicente do Rego Monteiro, Lula Cardoso Aires, Cícero Dias, Wellington Virgolino, Gilvan Samico, José Cláudio, Maria Carmen, Francisco Brennand, Mirella Andreotti, Manoel Bandeira, Percy Lau, João Câmara, Darel Valença, Abelardo da Hora, João Câmara, Alves Dias, José de Barros, Raul Córdula, Teresa Costa Rego, Thiago Amorim, Adão Pinheiro, Ypiranga Filho, Ana Veloso, Ana Vaz, Sônia Malta, Marcos Cordeiro, Sérgio Lemos, Delano, Montez Magno, Luciano Pinheiro, Roberto Lúcio, Jairo Arcoverde, Ismael Caldas, Marcos Amorim, Guita Charifker, José Barbosa, José Tavares, Emanuel Bernanrdo, Mariza Lacerda, Paulo Neves, José de Moura, Delima, Liliane Dardot e nacionais como: Portinari, Maciel Babinsky, Antônio Bandeira, Aldo Bonadei, Darel Valença, Antônio Gomide, Alberto da Veiga Guignard, Arcângelo Ianelli, Maria Leontina, Manabu Mabe, Ismael Nery, Tomie Ohtake, Lasar Segal, Orlando Teruz, Mário Zanine, Fernando Lopes e Anita Malfati, entre outros.
Ante tão amplo e diversificado registro que faz parte de um acervo bem maior da cultura pernambucana e nacional, podemos ter a certeza de que estamos de frente para um rico e valioso painel do Modernismo e da Contemporaneidade brasileira materializado no fascinante ACERVO do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, referência para Pernambuco, para o Nordeste e para o Brasil.
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Joaquim Raphael de Freitas - Poeta/Historiador de Jabitacá


















8- Antologia de Poetas Pernambucanos


Joaquim Raphael de Freitas - Quincas Raphael




Aboio de Ubiratan da Pedra - PE

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MINERVINO


Homenagem de Quincas Raphael

Quando a pessoa nasce
Jesus traça seu destino:
Uns para morrer na velhice
E outros quando menino.
O que espera a quem vive
É a pancada do sino.

A morte de Minervino
Hoje a mim abalou,
Apesar da sua idade
Muita saudade deixou.
Foi ele o maior vaqueiro
Que o Pajeú criou.

Falo aqui por Gonçalo
E Severino Elesbão,
Zé Rocha, Antônio Lourenço,
Bete, Zé Torres e João.
E finalmente por todos
Que já vestiram gibão.

A sua recordação
Ficará eternamente,
Pois não encontrou vaqueiro
Que tomasse a sua frente.
Da marca de Minervino
Não existe mais semente.

Nunca temeu boi valente,
Nem o cavalo ligeiro.
Pela sua honestidade
Nunca lhe sobrou dinheiro.
Eu penso que Minervino
Já nasceu sendo vaqueiro.

Sua fama de vaqueiro
Somente a morte tomou.
Foi o Pelé dos vaqueiros
Enquanto aqui campeou.
Eis o nome dos cavalos
Que Minervino açoitou:

Barroca e Violão,
Maribondo e Barbadinho,
Testa de Aço e Pintado,
Casuleta e Garrinchinho,
Teve o Pedrês enjeitado,
O Corneta e o Gatinho.

Foi vaqueiro no Morcego,
Varzinha e Poço Cercado.
Lá no Riacho do Mel
Deixou seu nome gravado,
Santa Teresa e Tingui,
Duas barras e Taboado.

Pegou boi apadrinhado
Até lá no Moxotó.
Na frente de seu cavalo
Não valia catimbó.
Muita gente até dizia
Que ele não corria só.

Hoje são poucos vaqueiros
Que com ele trabalharam.
Pois a maioria deles
Há tempo se acabaram.
Porém os vivos que restam,
Muito por ele choraram.

Receba as condolências
Da família Raphael
E também Dr. Zé Câmara
Que cumpre o mesmo papel
E ainda Inácio Augusto
Que era amigo fiel.

Fiz este com humildade
Em homenagem ao vaqueiro
Que foi o maior em tudo
No meu Pajeú inteiro.
Por onde passou deixou
O rastro de um cavalheiro.

Este verso ficará
Como uma recordação.
Porque fala do maior
Vaqueiro do meu sertão.
Que até em honestidade
Não teve comparação.


Do seu Livro Afogados Deu de Tudo – Gráfica Mascote – Joazeiro do Norte – CE.


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Conceição da Pedra - Seus poetas e sua gente - 2














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Casa da Sra. Adalgisa Japiassu -
A última casa antiga da Pedra

Conceição da Pedra - Pernambuco
Seus poetas e sua gente - 2

Ubiratan e Pintor "in aboio" no Bar de Gildo - Pedra - PE

PEDRA E SEU SISTEMA REGIONAL


BEM HUMORADA CRÔNICA DE UMA ÉPOCA

de
Juvenal Barbosa Cavalcanti
1

Pedra de gente nobre
Cortês, humilde e feliz.
Do velho José Diniz
E Budá matando os pobres.
Eu sei que a turma encobre
O lado do desprazer
E continua a sofrer.
É bem franco o seu futuro,
Isso aí eu também juro
Que na Pedra ninguém vê.

2

Valença baixar o bucho,
O velho Orestes engordar,
Dadi velho se casar,
Chiquinho de Branca ter luxo,
Ataíde errar cartucho,
Nem Joelzinho crescer,
Pio deixar de beber,
Ismael adorar Santo.
Essas coisas eu garanto
Que na Pedra ninguém vê.

3

Franqueza de Ananias,
Simpatia em Laudemiro,
Beleza em Cassimiro,
Toinho sem freguesia,
Anália sem grosseria,
Antônio de Amado com prazer,
Elias Ferreiro fazer
Um serviço de futuro.
Essas coisas eu também juro
Que na Pedra ninguém vê.

4

Julieta sossegada
Jonas sem dar notícia,
Dioclécio sem polícia,
Helciza ser casada,
José Pessoa em vaquejada,
Gentil Mariano beber,
Nem Zé do Leite fazer
Uma farra para amigo.
Essas coisas eu também digo
Que na Pedra ninguém vê.

5

Zé Tampinha andar cheiroso,
Humberto ser verdadeiro,
Baga ser bom pedreiro,
Genésio ser caridoso,
Wilde ser corajoso,
Gobira sentir prazer,
Ofélia Neiva dizer
Sou boa de simpatia.
Isto eu juro todo dia
Que na Pedra ninguém vê.

6

Seu Elias deixar casada,
Zé Cardeal ser vistoso,
Waldemar não ser vaidoso,
Abdon esquecer chuvada
E olhando a nuvem chover,
José Maria não prometer,
Luizão vender barato.
São coisas que eu relato
Que na Pedra ninguém vê.

7

Arlindo pagar bicada,
Macaca ter paradeiro,
Virgílio cantar toada,
Artur tangendo boiada,
Zé Bolinha envelhecer,
Filho de Xavier nascer,
Juvenal deixar de rimar.
Eu também posso afirmar
Que na Pedra ninguém vê.



Pedra, Semana Santa de 2009.



quinta-feira, 9 de abril de 2009

Conceição da Pedra - Seus poetas e sua gente - 1










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Conceição da Pedra - Pernambuco

Seus poetas e sua gente - 1



Pintor e Édio no Bar de Gildo

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José Firmo Cavalcanti

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NATAL
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Cantam sinos além na velha ermida,
A natureza ri, o céu reluz;
Louva-se a doce Virgem concebida
Que o bom filho de Deus trouxera à luz.
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Exemplo de humildade indefinida,
Pobre e pequeno quis nascer Jesus;
Não teve um berço Aquele cuja vida
Findou por nós nos braços de uma cruz!
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E a partir dessa data aos nossos dias,
Nascem filhos de reis por toda a terra
Em berços feitos de ouro e pedrarias...
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Entretanto, jamais nascera alguém
Que achasse glória igual à que se encerra
No que nasceu nas palhas de Belém!


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Marcos Ademar de Siqueira
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PEDRA – AMOR DISTANTE

(O Poeta dedica a sua querida terra natal Pedra-PE)

No Vale do Ipanema encravada,
Nas divisas do agreste e do sertão
De Pernambuco és o coração,
Para teus filhos, mãe sempre adorada.

PEDRA. Assim é que fostes batizada,
Palavra dura, pra tão meigo chão.
Acolhedora de todos, sem distinção,
Que te buscam para fazer morada.

Teu lajedo - símbolo de grandeza -
Foi esculpido pela natureza,
E dado de presente aos filhos teus...

Ainda no vigor da adolescência
Parti em busca da sobrevivência,
Ausências tantas, jamais um adeus.


Anápolis - GO: abril/2009.


quarta-feira, 8 de abril de 2009

Alcides Lopes de Siqueira



















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Esther - A eterna musa

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7 - Antologia de Poetas Pernambucanos

Alcides Lopes de Siqueira

O cardo

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O sol fuzila a prumo. O ambiente escalda.

A atmosfera , em revérberos, semelha

O ar de um forno. A caatinga mirra, engêlha,

Desde os vales - dos cômoros à fralda.

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Mas , indene da cáustica centelha,

Nos planaltos, o cardo se engrinalda

E abre a flor de marfim - oferta à abelha -

Implantada nos gomos de esmeralda.

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Assim sois vós , humanos corações.

Quando o sol do desgosto, da tortura,

Vos estiola e destrói as ilusões:

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Abre sempre, do cardo a semelhança,

A flor nívea do sonho, linda e pura,

Engastada no ramo da esperança.



No Tempo das Maria Fumaças e outros Trens


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No Tempo das Maria Fumaças e Outros Trens Um pouco barulhentas, fumarentas, rapidíssimas para a época, bamboleantes, porém, encantadoramente românticas e langorosas nos seus apitos anunciando chegadas, partidas, ou avisos para incautos transeuntes que se aventurassem a cruzar o seu caminho, como animais, bêbados ou, infelizmente, distraídos e suicidas. Eram elas as donas de todo aquele pedaço estreito do seu comprido leito, do Recife a Salgueiro. Deslizando sobre centenas e centenas de quilômetros de trilhos que se inseriam, uma hora entre túneis, montanhas, morros, vales e desfiladeiros, outra hora sobre colinas, planícies ou pontes ou ainda varando matas fechadas, canaviais, capoeiras, capoeirões e caatingas ou mesmo varando ruas de cidades, arruados ou tão somente margeando um simples vagão, a título de Estação, como em Insurreição em Pernambuco. Eram elas as Maria Fumaças, primeiro da Great Western, depois Rede Ferroviária do Nordeste e na fase final - Rede Ferroviária Federal S/A. Em Pernambuco havia três itinerários: Norte, Sul e Oeste. Todos saindo da Estação Central do Recife. Ao passageiro havia três opções: Norte - Para João Pessoa e Natal, Oeste – Para as cidades da região central de Pernambuco até Salgueiro e Sul – Para Maceió, passando pelo Cabo, Escada, Estação Frexeiras, Ribeirão e Palmares. Catende Maraial e Quipapá, entre outras, no ramal de Garanhuns. Como era de praxe, havia os trens de carga para transporte de equipamentos, carga pesada e animais e os trens de passageiros, que dividia aqueles que fossem viajar nos seus vagões em pobres ou ricos. Tudo de acordo com as posses da cada um. Para os “ricos” ou remediados, havia os vagões mais confortáveis, dotados de poltronas acolchoadas e reclináveis, para frente e para trás – eram os de 1ª Classe. Para os destituídos de fortuna e menos remediados havia os vagões de 2ª Classe com seus bancos duros de madeira, podendo ser móveis ou fixos como os dos vagões apelidados de “pela- porcos”. Tudo isso servia para aguçar a curiosidade das crianças “ricas ou metidas a ricas”, que viajavam em vagões sensivelmente diferentes daqueles vagões da 2ª Classe. Naqueles tempos de poucas estradas e poucos proprietários de automóveis, o transporte principal no Nordeste, e creio que em todo o Brasil, era o ferroviário, graças à visão dos políticos da época que, diga-se de passagem, era mais inteligente, aguçada e patriótica do que a visão dos políticos de hoje em dia, infelizmente. Torna-se quase desnecessário dizer quais os benefícios do transporte ferroviário com relação ao rodoviário. A minha primeira viagem de trem foi em 1952. Eu contava oito anos de idade e foi uma das minhas primeiras realizações na vida. Na companhia do meu tio João Gomes Raphael, tomamos o trem que vinha do Recife, por volta das 18 horas, em Sertânia e fomos até o povoado de Irajaí, então distrito de Afogados da Ingazeira, naquela época parada final da via férrea. Fomos fazer uma visita aos meus tios Anunciada e Nozinho Câmara, que se encontravam de férias com os meus primos, na sua Fazenda Coruja. O trem era o famoso “Trem da Serra”, e para mim foi uma festa, apesar da escuridão, naqueles tempos sem a maravilhosa energia de “Paulo Afonso”. Lembro-me do guarda-freios conduzindo a sua lanterna inglesa de carbureto, verificando as rodas dos vagões e da locomotiva, como também os trilhos nas paradas. Também me chamaram a atenção os lampiões de luz fraquinha nas plataformas das estações de Sertânia, Albuquerque Né e Irajaí. Depois dessa primeira experiência, vieram muitas outras viagens que até hoje recordo com saudades. Quem como eu que sempre viajava no “Trem da Serra”, não se lembra das tapiocas com coco, das exóticas maçãs e uvas, laranjas cravo, bagas de jaca, sapotis e dos sanduíches com pedaços de galinha, mariolas e roletes de cana, vendidos nas estações de Pesqueira, Belo Jardim, São Caetano, Caruaru, Bezerros, Gravatá e Vitória? E o que dizer de um estranho e incrível cheiro que sentíamos a partir de Jaboatão, talvez exalado por alguma planta da Zona da Mata e que chamávamos do “cheiro do Recife”. Quando viajei a 1ª vez para o Recife em 1954, com minhas irmãs e minha saudosa mãe Iraci, os vagões ainda eram de madeira e o leito da via férrea que só era revestido de brita de Caruaru até o Recife, levantava muita poeira. Foi na época das comemorações do Tricentenário da Restauração Pernambucana. Houve muitas comemorações e ainda me lembro que o Governador de Pernambuco era um filho de Sertânia – Dr. Etelvino Lins de Albuquerque. Foi nessa inesquecível viagem ao Recife que tive a felicidade de ver o mar pela primeira vez. Foi uma verdadeira epifania. Foi um momento de revelação e comunhão com o Criador. Com o passar do tempo as locomotivas a vapor cederam lugar às de óleo diesel e os antigos vagões foram substituídos por outros de aço e alumínio, mais modernos e confortáveis e toda a linha férrea foi revestida de brita. Até os da 2ª classe melhoraram. Esse trem mais moderno foi denominado de Asa Branca em homenagem à música famosa, a Luís Gonzaga e ao Nordeste. Naqueles tempos, todos viajavam de trem, principalmente as pessoas doentes que iam para centros mais adiantados em busca de tratamento e cura para seus males. Também os rapazes e moças que estudavam nos colégios de Pesqueira, Caruaru e Recife. A viagem em si já era um acontecimento. Quando crianças, tanto eu quanto as minhas irmãs sempre viajávamos com nossa mãe que ia fazer compras para renovar o estoque do seu atelier de bordados e a sua lojinha de produtos de armarinho e sempre ficávamos hospedados na casa do meu avô Manoel Raphael Sobrinho em Tejipió e, anos depois, na casa da tia Carmelita Raphael Leite na Iputinga. Essas viagens eram verdadeiros piqueniques móveis. Mamãe preparava saborosos lanches de galinhas de capoeira com farofa de bolão, sanduíches de queijo e carne de sol, bolos e doces para aquela “épica” travessia do sertão ao cais. Para nós, era uma verdadeira aventura. Tempos depois, já rapaz e estudando no Recife, época em que morei em algumas pensões da Rua do Paissandu e depois na Casa do Estudante de Pernambuco, a exemplo dos muitos colegas do interior, mesmo já havendo ônibus, passei a utilizar muito aquele transporte, que tanto nos marcou, creio que para sempre... Nessas idas para Sertânia, foram inúmeras as vezes que eu e os meus primos Rafael Fernando e Paulo Lins, Dilson Siqueira, Mário Lafayette, Raulzinho e Walter Lafayette e muitos outros colegas da Casa do Estudante, na ânsia de viajar, íamos logo na véspera à noite para o Bar da Central. Lá entre muitas cervejas e o canto de Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Anísio Silva, Silvinho, Roberto Luna, Agostinho dos Santos, Caubi Peixoto, Carlos Alberto, Lindomar Castilho e Núbia Lafayette, entre outros, que saia da radiola de fichas, ficávamos bebericando até a hora da partida do trem. Dependendo do álcool consumido, muitos dormiam até o fim da viagem. Início e fim das férias de junho e de dezembro e festas importantes como a do dia 8 de dezembro – festa de N. S. da Conceição, Natal e Ano Novo, Carnaval, o Aniversário do América Esporte Clube de Sertânia, o Sete de setembro, eleições e outros eventos importantes ou qualquer um feriado longo, tudo era pretexto para viajarmos. Era principalmente nessas ocasiões que dezenas e dezenas de jovens estudantes utilizavam o saudoso Trem da Serra. Já instalados nas poltronas e após a partida do trem, quem quisesse se dirigia logo para o vagão restaurante. Era uma festa. Com cervejas, vodcas e outras bebidas, ou simplesmente refrigerantes, tudo muito bem acompanhado pelos violões e vozes daqueles que cantavam, a farra começava e durava até o término da viagem onze horas depois. Eram grandes farras e alguns somente faziam a viagem pensando na bebedeira. Para outros, bastava que tivessem terminado o namoro ou que tivessem levado um fora de alguma moça. Qualquer coisa era desculpa para encher a cara. Naquelas viagens conhecíamos outros estudantes das cidades por onde o trem passava e que também estudavam fora. Muitos daqueles estudantes, assim como eu, eram sócios da Casa do Estudante de Pernambuco. Além dos rapazes, também moças estudavam internas nos Colégios de Pesqueira, Caruaru e Recife. Das que me chegam à memória posso citar: Minha irmã Cacá e minhas primas Ceci e Gracinha e outras moças de Sertânia como as irmãs Socorro e Onilda Maciel, Telma Pinheiro, Gislaine Veras e Marluce Moraes que estudavam no Colégio das Damas, Socorro Laet, Elisa Freire, Ivani Barbosa e Edileusa Oliveira e creio que outras moças estudavam em colégios como: N. S. do Carmo, São José, Eucarístico e Agnes. Nessas viagens, muitas amizades, namoros e casamentos tiveram início ou término. Crises de ciúmes também, não raro aconteciam. À medida que o trem ia se aproximando do destino, no meu caso, Sertânia, a emoção ia aumentando. A certeza ou incerteza de que uma namorada ou candidata estaria à espera na Estação, fazia o coração bater mais apressado. As moças retiravam os lenços dos cabelos e retocavam a maquilagem, enquanto os marmanjos tentavam pentear os cabelos um tanto duros de poeira. Quando a composição chegava a um local já próximo da cidade e denominado “Apito”, onde a locomotiva dava o sinal de que já estava chegando, todos mal conseguiam controlar a emoção até o desembarque. Era demais. Era uma festa. A Estação repleta de amigos e parentes à espera dos “estudantes de fora”. Abraços, beijos e sorrisos rolavam sem limites. Empoeirados e felizes, transportando nossas bagagens, algumas vezes ajudados pelo empregado da estação com uma carroça de mão, atravessávamos as ruas de nossa cidade, nos dirigindo para nossas casas com a certeza de que a vida, naquela época, era uma maravilha como de fato o era para nós, jovens, saudáveis e amados por nossos familiares ou por nossos amores de juventude.

sábado, 4 de abril de 2009

Alberto da Cunha Melo - Antologia de Poetas Pernambucanos

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Antologia de Poetas Pernambucanos

6 - Alberto da Cunha Melo
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Anáforas
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A palavra sabe doer,
quando esfria o sangue no rosto,
assim de surpresa, navio
atropelando o próprio porto;
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sabe degolar a sereia:
chamar de gorda a mulher feia;
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sabe emudecer os aplausos
que aconteceram anteontem,
depois de décadas de atraso;
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sabe matar pelo distrito,
sem deixar marcas do delito.
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DEPOIMENTO
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"Um de nós sente tanto medo,
abre tanto os pequenos olhos,
que consegue ver e chorar
a mais longínqua ingratidão"
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Conheci Alberto na década de 60 quando da publicação do seu livro Círculo Cósmico. Porém, foi somente na Fundação Nabuco, onde fui trabalhar como Programador Visual, que eu passei a conhecer e a conviver mais intensamente com ele e com muitos outros poetas seus amigos. Colega de trabalho e até mesmo adepto dos mesmos ideais estéticos e políticos, passei a conviver com muitos intelectuais que trabalhavam na Fundação como: Mauro Mota, Mário Souto Maior, Valdemar Valente, Raquel Caldas Lins, Sebastião Vilanova, Renato e Maximiano Carneiro Campos, Frederico Pernambucano, Clóvis Cavalcanti, Roberto Aguiar e, é claro, o mestre Gilberto e o seu filho Fernando Freyre. Além desses escritores e pesquisadores famosos, a Fundação também abrigava nos seus quadros muitos outros escritores jovens como Jaci Bezerra, Sérgio Bernardes, Arnaldo Tobias - editor do jornal alternativo "Protesto", Sérgio Moacir de Albuquerque e outros. Com eles, então, passei a frequentar os mesmos locais que eles pontificavam, além de outros poetas como Domingos Alexandre, Ângelo Monteiro, José Mário Rodrigues, Antônio Leal, Almir de Castro Barros, Montez Magno e outros que também marcavam as suas presença para animados bate papos, discussões políticas e muita poesia regada a cerveja e chope, como a Livro 7, o Bar Mangueirão em Apipucos, o Bar do Posto de Gasolina e o Bar O Pirata em Casa Forte, o Bar do Maruim no Poço da Panela, o Bar Beer House da Rua 7 de Setembro, o Bar Mustang, o Bar da Livro 7 e em muitos outros do centro do Recife. Foi precisamente nesses lugares onde mais eu convivi com a bondade, o humanismo, a humildade e o talento de Alberto da Cunha Melo. Com ele aprendi a ser mais humano e humilde e, pasmem, aprendi a escrever poesia, pois segundo ele dizia: eu já a sentia nos meus quadros e desenhos. Posso explicar: nas muitas vezes que nos encontrávamos em qualquer um desses bares, juntamente com Roberto Aguiar, (de saudosa memória), Jaci Bezerra, José Mário Rodrigues, Ângelo Monteiro, Lucila Nogueira, Odete Vasconcelos, Montez Magno, Almir de Castro Barros, Domingos Alexandre, Sérgio Bernardes e Arnaldo Tobias, entre outros, fazíamos, frequentemente, poemas coletivos, a três, quatro, cinco ou mais mãos. Dependendo do número dos presentes que quisessem participar da brincadeira. Cada um deles escrevia um verso. No final havíamos "cometido um poema". Muitas dessas composições eram publicadas por Jaci no "O Punho". Um jornalzinho alternativo, mimeografado, (não havia ainda os computadores de hoje em dia com as suas impressoras magníficas e práticas), e que circulava entre nós. Creio que devem ter sido publicados uns dez números. Todos eles eram também ilustrados por nós mesmos e por muitos artistas plásticos como João Câmara, Montez Magno, Sérgio Lemos, Paulo Bruscky e outros que dividiam conosco a alegria de viver e beber todas, naqueles anos setenta e oitenta. Tempos de muita esperança, alegria, idealismo, amor livre e também de reflexões sobre política e ética, essas últimas já um tanto escassas naqueles dias. Talvez "O Punho" tenha sido a semente do futuro Movimento Editorial comandado por Jaci e que revelou muitos escritores, até então inéditos, para Pernambuco e "para o Mundo"- as Edições Pirata.
Com o fim da Ditadura, vieram as "Diretas já" em todos os níveis. Eleições de democratas e muitos outros acontecimentos, uns bons e outros maus como o encerramento das atividades de Tarcísio Pereira a frente da "maior" Livraria do Brasil, que marcou o fim da efervescência cultural da Rua 7 de Setembro, dispersando então, a maioria dos frequentadores daquela Rua onde se respirava esperança, cultura, amor, liberdade e literatura. Uns mudaram do Recife, outros se aposentaram, alguns morreram e outros renasceram. Felizmente, alguns continuaram se encontrando já em outros bares e livrarias do centro, porém, sem mais a mocidade, o charme e o encanto daqueles anos de resistência intelectual e política ao autoritarismo. Entre esses sobreviventes, estavam Alberto, Domingos Alexandre, Almir, José Mário Rodrigues, Bione e mais alguns novos agregados. Após muitas mudanças nas vidas daqueles que formavam aquela "inteligentzia" da 7 de Setembro, alguns viajaram para outros Estados, como o próprio Alberto que radicou-se por um certo tempo no Acre, outros se retiraram das lides literárias, alguns permaneceram, porém, nunca mais aquele núcleo original voltou a se reunir como antes. Muitos casaram, outros descasaram, outros morreram, outros renasceram não nas academias mas nas suas obras. Porém cada um a seu modo, cada um no seu canto continuou escrevendo e produzindo livros e maravilhas como Alberto que nos deu uma das suas mais belas jóias literárias: Yacala, entre outros.
Meu Deus, Tupan, Zeus, Júpiter, ou outros que possuam outros nomes, falando sobre esses tempos incríveis das décadas de 70, 80 e parte dos anos 90, com todos esses personagens com os quais convivíamos, quase diariamente, como muitos deles já passaram para o outro lado, para a Espiritualidade, tais como: W. Virgolino, Hermilo Borba Filho, Roberto Aguiar, Mano Teodósio, Renato e Maximiano Carneiro Campos, Mauro Mota, Mário Souto Maior, Orlei Mesquita, Sérgio Moacir de Albuquerque e o nosso grande poeta Alberto da Cunha Melo, entre outros.
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José Alberto Tavares da Cunha Melo, nasceu em Jaboatão - PE, no dia 08 de abril de 1942. Filho do poeta Benedito da Cunha Melo, iniciou sua vida literária em Jaboatão, fazendo parte do Grupo de Jaboatão, que de acordo com o historiador Tadeu Rocha, constitue o núcleo original da Geração 65 de Escritores Pernambucanos.
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Livros publicados:
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Círculo Cósmico - 1966, Oração pelo Poema - 1967, Publicação do Corpo - 1974, Dez Poemas Políticos - 1979, Noticiário - 1979, Poemas à mão Livre - 1981, Soma de Sumos, 1983, Poemas Anteriores - 1989, Clau - 1992, Carne de Terceira com Poemas à Mão Livre - 1996, Yacala - 1999, Yacala - 2000, Um Certo Louro do Pajéu - 2001, Um Cert Jó - 2002, Meditação sob os Lajedos - 2002, Dois Caminhos e Uma Oração - 2003.
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sexta-feira, 3 de abril de 2009

Monteiro - Paraiba








Monteiro da minha mãe!


Sempre que vou a minha Sertânia, vou a Monteiro também! Por quê? Porque, hoje, as melhores atrações daquela que já foi uma das cidades mais agradáveis e graciosas do sertão do Moxotó, não estão lá e sim na sua vizinha paraibana – Monteiro. Dar um passeio em Monteiro para dançar forró nas inúmeras festas de ruas ou ir almoçar num dos restaurantes da cidade, na Extrema ou na Pedra do Peru - de Assis Martins, ambas na sua área rural, é um verdadeiro regalo. Do cardápio ao atendimento.
Sair de Sertânia já é uma verdadeira graça, para não termos que ficar observando o seu pobre casario de fachadas tristes e feias, porque descaracterizadas e substituídas por grades, garagens de carros e outras alterações permitidas pela ausência de um Plano Urbanístico que preserve a estética e o estilo arquitetônico, de raízes clássicas, do seu antigo núcleo histórico – Rua Amaro Lafayette ou Rua “Velha”, a antiga Praça Martins Júnior, a Rua Dr. Raul Lafayette e a Rua Benjamin Constant, para citar só essas. Pelo menos que se preservasse o centro histórico original da Rua Amaro Lafayette. Ali onde nasceu Sertânia. É mesmo um lamentável atestado de desprezo pela História e pela cultura da outrora Princesa do Moxotó.
Qualquer cidade, por mais modesta que seja, deve preservar o seu Patrimônio Cultural, seja ele arquitetônico ou imaterial, naquilo que ele tem de mais representativo, igrejas, casarões e outros monumentos dignos de nota. No caso de Sertânia verificou-se além da destruição da antiga matriz de N. S. da Conceição, de estilo colonial, e dos coretos das Praças, a construção de imóveis em plena via pública como na Rua Francisco Sales e absurdas construções sobre pilotis nas calçadas. Se não houvesse espaço disponível, mesmo assim seria injustificável, porém, Sertânia possui muito espaço para novas construções e para o crescimento do perímetro urbano. Outro absurdo é o tráfego de caminhões e transportes pesados pela área urbana, quando o certo seria a construção de vias que contornassem o centro degradado da, hoje, pobre e desgraciosa Sertânia.
Por isto é que louvo o povo de Monteiro e os seus dirigentes e louvo mais ainda os da cidade de Sumé – ex-distrito de Monteiro, pela preservação dos seus Patrimônios Arquitetônicos. Ambas com ruas limpíssimas, arborizadas e sinalizadas, praças bem cuidadas e com iluminação adequada para destacar e valorizar o seu casario, dos mais bonitos do Cariri Paraibano, e quiçá do Estado, fazem a diferença, com relação à Sertânia, entre outras. Não é que em Pernambuco não exista cidades preservadas. Existe sim. E posso citar algumas delas como Igarassu, Pesqueira, Brejo da Madre de Deus, Floresta, Triunfo e Santa Maria da Boa Vista, entre outras, da Mata, Agreste e Sertão pernambucanos.
Portanto, é sempre agradável para a vista e para a mente, se não, para a sensibilidade, todas as vezes que vou a Sertânia, efetuar, pontualmente, um passeio por uma dessas duas cidades do nosso Estado vizinho, com quem mantenho laços estreitos e afetuosos. Não só culturais, mas, acima de tudo, familiares. Monteiro serviu de berço a minha mãe Iraci e a inúmeros tios, tias e primos que lá residem e dão continuidade aos nomes de nossas família Gomes dos Santos e Raphael naquela parte da Paraíba. Lá passei férias e participei de muitas festas e reuniões familiares e sociais. E tenho certeza, ali deixei uma parte de mim mesmo que até hoje exerce sobre o meu sentimento uma atração especial por aquele pedacinho da Paraíba. Muitas vezes tenho me interrogado sobre o que ficou, realmente, ali de mim... E hoje, só hoje, portanto, é que descobri: Em Monteiro deixei uma parte da minha infância, da adolescência e da mocidade, quando ali estive em férias com o primo Darlinho Raphael Campelo na casa dos seus avós e meus tios-avós Olimpio e Jove, juntamente com a sua saudosa mãe Maria do Carmo; nas corridas de cavalos em frente da Fazenda Limão, organizadas por um amante do turfe, o Sr. Josa Leite, torcendo por Vingador ou Pagão; nas partidas amistosas de futebol entre as equipes de Sertânia e Monteiro; nos Bailes do Aero Clube; nas festas comemorativas das Bodas de Diamantes de tia Jove e tio Olímpio na cidade e de tia Santa e tio Napoleão Santa Cruz na bela e saudosa Fazenda Jatobá (onde havia as inesquecíveis moagens do velho Engenho de tração animal, hoje de fogo morto) e na soberba festa dos quinze anos de Cleide Lúcia Raphael, filha do saudoso primo-irmão da minha mãe Darcilio Gomes Raphael; nas visitas às casas dos tios-avós João Ferreira Gomes e Áurea Raphael Gomes, Vitor e Zulmira Gomes dos Santos e ainda as dos primos Rodolfo e Toinha Santa Cruz, Oscar Neves e Maroquinhas Santa Cruz Neves, Inácio Feitosa e Alice Santa Cruz Feitosa, Louzinha Gomes Torres, Theófila Gomes e em tempos mais distantes as casas dos tios Carmelita Raphael e Luis Leite Soares – Ex Prefeito de Monteiro, e a minha tia-avó Felismina Gomes dos Santos.
Por tudo isso e pela memória oral dos feitos e exemplos de membros da nossa família, pelo lado materno, como o meu bisavô Coronel José Gomes dos Santos, da Fazenda Caiçara, o meu avô Manoel Raphael Sobrinho, comerciante e fazendeiro, o tio-bisavô Coronel Manoel Joaquim Raphael da Cruz, comerciante e fazendeiro, Coronel Cizenando Raphael de Deus, da Fazenda Feijão – Ex Prefeito de Monteiro, Coronel Paulino Raphael e Andrelino Raphael de Deus da Fazenda Varzinha, todos pioneiros ali naqueles sertões da Paraíba e de Pernambuco, é que eu, minhas irmãs e primos de Sertânia nos sentimos se não filhos, pelo menos netos da querida Paraíba do Norte de minha querida e saudosa mãe Iraci Gomes Raphael de Sousa Cordeiro.