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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Aurora Duarte – a bela Diva - ANTOLOGIA DE POETAS PERNAMBUCANOS

 
 
 
 
 


 

   

 

 
  
 
 
 

A Rosa Convicta

 

Ante a fúria do mar e em fundo espelho,

hei de pintar meus olhos de infinito.

Depois, no corpo quieta traçarei

limpas cores do céu e chuva e sol:

pois meus seios são aves prematuras

que entre gestos e orvalho guardarei.

 

Mas, por ser bela eu hei de ser sózinha

porque o espanto e a ternura tem moradas

em chão diverso e de diverso intento.

Mas por se bela me liguei ao tempo

e por ser bela girarei sorrindo

entre os raios de sol e o cata-vento.

 
 
 


Asas Invisíveis
 
 
 
 

Nem complexa

nem abstrata

porque exata

prefiro ser.

Sou mulher

mas serei pássaro

porque pássaro

já fui.

Fugirei do litoral.

Quero o espaço

sem calendários.

Intocável permanecerei.

 



Penitências

 

Principiei pássaro

mutilaram-me as asas,

continuei a voar;

abatida por piratas

de veleiros escondidos

entre nuvens e luar,

fui mastro e vela,

fogo de santelmo e concha

quando era ânsia

e notívaga vivia sonhos.

 

Entre lumes e vazantes

feriram-me no corpo

pois inquietas tenho

flechas no meu canto.

 

Canto e me vem o canto

dessas cavernas onde vive o vento.

 

Agora ave, para sempre ave

voando entre

mistérios – sol e céu -,

deixando plumas, pés e canto,

no que me resta vou além voando.

 

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Aurora Duarte – a bela Diva
Atriz, poetisa  produtora e diretora de cinema, Aurora Duarte, nascida Diva Mattos Perez em 17 de Abril de 1933 em Olinda, Pernambuco

Quando criança, Aurora Duarte brincava com os pedaços de filme “Paixão de Cristo”. Adolescente, conheceu um francês que fazia filmagens para Walt Disney e ela começou a ajudá-lo na produção. Na mesma época, entrou para a Associação de Cinegrafistas Amadores do Brasil e fez um filme, “A Sereia e o Mar”. Ela foi a sereia, diretora, roteirista e fotógrafa desse filme. Esse filme, feito quando Aurora tinha entre 13 e 14 anos, deu-lhe popularidade. Com essa idade, começou, também, a publicar suas poesias em jornais.

Em 1953, estrelou o filme "O Canto do Mar", de Alberto Cavalcanti. Com o sucesso do filme, Aurora Duarte mudou-se para o Rio de Janeiro e, em seguida para São Paulo, onde filmou "Os Três Garimpeiros", ao lado de Hélio Souto e Alberto Ruschell.

Em 1960, produziu e atuou no filme "A Morte Comanda o Cangaço", dirigida por Carlos Coimbra.

Ficou afastada do cinema por um longo período e retornou em 1982 para uma participação no filme "Noites Paraguaias".
 
Livro: O pássaro e o Náufrago - 1964
 

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