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terça-feira, 26 de maio de 2009

CABRA DO MOXOTÓ


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Eu e a minha filha Rafaella em Sertânia
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Louvação para mãe cabra do Moxotó e outras cabras.
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Para José de Sousa Leal
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Louvo, louvei e vou louvar a mãe-cabra do Moxotó;
Louvo aquela em que Zeus mamou;
Louvo aquela que dos seus chifres se fez a cornucópia - símbolo da abundância;
Louvo a irmã do sol – a 5ª mais brilhante estrela do céu.
Louvo aquela cujo macho simboliza a virilidade na natureza;
Louvo aquela cujo filho é consagrado a Dionísio (Baco),
É venerado no Egito e serviu de montaria a Afrodite (Vênus).
Louvo aquela que é a mais antiga espécie doméstica depois do cão
E é o primeiro animal leiteiro que o homem utilizou depois da mulher.

Mãe de leite do sertão é a companheira fiel e forte do sertanejo.
Mais que a vaca é a mãe anônima dos nordestinos da sorte.
É a cabra de corda da zona da mata e do agreste.
São as centenas de mães de chiqueiros dos sertões do Nordeste brasileiro.
Fixadoras do homem na caatinga são cúmplices na luta contra o meio adverso.
Ecologicamente adaptada, não a agride a deprimida e áspera terra nordestina.
Com a terra se inter relaciona e se completa em perfeita harmonia, qual se dela saísse.
Nas brenhas ressequidas e inóspitas, nas áridas veredas e nos agressivos serrotes e lajedos da Borborema tem o seu paraíso.
Entre quixabeiras, aroeiras, baraúnas, umbuzeiros, juremas, mandacarus, facheiros, alastrados, moleque-duros, faveleiros e quipás, entre outros “espinhos”, circunscreve o seu mundo, a sua geografia.
Vitoriosa, sobrevive onde o boi falece vítima da inclemente seleção natural da caatinga.
É a Moxotó de Sertânia em Pernambuco, Marota na Bahia, Canindé no Ceará e no Piauí.
Como é admirável esse membro da família Bovidae, Subfamília Caprinae.
É a Capra hircus de cuja ascendência três espécies contribuíram para a sua gênese: a Capra aegragus ou Cabra bensoar dos planaltos ocidentais da Ásia, a Capra falconeri, também da Ásia mais oriental e indiana, e a Capra prisca de Adamentz, já extinta e que parece ser o tronco mais antigo e primitivo.
É ela a rústica ama seca dos pobres, subsistência das populações rurais do Nordeste.
A primeira e natural Bolsa-família dos pobres do Nordeste Brasileiro.

Louvo aquela que, ao contrário do bovino – que só é levado ao mercado na idade de 3 a 4 anos no melhor dos casos – requer apenas 5 a 6 meses em condições idênticas;
Louvo a sua melhor produtividade entre todas as espécies ruminantes domésticas;
Louvo a sua participação para a produção de peles e produtos derivados;
Louvo aquela que requer em média como área mínima para a manutenção de um animal/ano, 4 hectares contra 5 há para o ovino e 6 a 10 ha para o bovino na região do Polígono da Seca;
Louvo aquela cuja carne apresenta a menor taxa de gorduras e calorias, conseqüentemente, de colesterol, como também a mais alta de proteínas, (esta última igual a bovina) comparada com a de suínos, ovinos e aves;
Louvo aquela cujo leite apresenta o teor de proteínas e gordura superior ao da vaca; Louvo aquela cujas vísceras nos dão a celestial “buchada”, iguaria digna dos deuses, o mais suave queijo de coalho, o mais delicioso dos assados e o mais suculento dos guisados;
Louvo aquela que dá coragem ao nordestino para ser “antes de tudo um forte”;
Louvo as cabras madrinhas, amantes favoritas das primeiras “desinocências” dos meninos do sertão;
Louvo ainda a minha primeira cabra que era “pé dura”, presente de Da. Nina Dodô quando eu tinha 10 anos de idade;
Finalmente louvo aquela a quem peço a benção e que poderá tornar-se uma grande parceira do homem do sertão nordestino para a sua fixação e sobrevivência no semi-árido do Nordeste.

Marcos Cordeiro
Escritor e Zootecnista.


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