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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Waldemar de Sousa Cordeiro - 2011 - Centenário de nascimento. II
















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Nas comemorações do Centenário de nascimento do Poeta Waldemar de Sousa Cordeiro, homenagem a memória do meu desditoso irmão e também poeta Marco Antônio Cordeiro de Melo, tão prematuramente encantado, com seu poema CREDO DE UM POETA em homenagem ao nosso pai.



CREDO DE UM POETA


Marco Antonio Cordeiro de Melo para Waldemar de Sousa Cordeiro


Não tenho pais:
Fiz do céu e da terra os meus pais.

Não tenho lar:
Fiz das minhas andanças o meu lar.

Não tenho vida ou morte:
Fiz do fluir e do refluir da respiração cansada
a minha vida e a minha morte.

Não tenho poder divino:
Fiz da poesia e da honestidade o meu poder divino.

Não tenho recursos:
Fiz da compreensão os meus recursos.

Não tenho segredos:
Fiz de Siboney o meu segredo eterno.

Não tenho corpo:
Fiz da resistência à doença o meu corpo.

Não tenho olhos:
Fiz do observar o tempo os meus olhos.

Não tenho ouvidos:
Fiz da sensibilidade musical os meus ouvidos.

Não tenho membros:
Fiz da minha dor os meus membros.


Não tenho estratégia:
Fiz da boemia e das grandes serestas a minha estratégia.

Não tenho perspectivas:
Fiz do viver o último momento
como se fosse o primeiro, a minha perspectiva.

Não tenho milagres:
Fiz da ação correta, “dando sem receber”,
os meus milagres.

Não tenho tática:
Fiz do pouco e do muito a minha tática.

Não tenho talentos:
Fiz da língua portuguesa o meu talento.

Não tenho amigos:
Fiz do sonho inacabado o meu único amigo.

Não tenho castelos:
Fiz da namorada de Jabitacá o meu castelo
e a minha moradia eterna.

Sertânia-PE, novembro/2002

2 comentários:

  1. Lindo o poema de nosso querido irmão Marco Antônio, tão prematura e tragicamente desaparecido.
    Como ele "sentiu" por inteiro nosso pai!
    Mais saudades!

    KK

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  2. Estremecedor o pulsar de um filho,que tanto admirava o grande poeta Waldemar e também pai,saudades de vocês dois.de sua írmã e filha Maria Betânia de Q.Cordeiro.

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