Valdir de Oliveira Santos, Marcos Cordeiro e Cássio Cavalcante.
Olímpio Bonald, Fernando Sales, João Caixero de Vasconcelos e Lourdinha Vasconcelos
Família de Maura Gomes Raphael de Andrade
Rafaella, filha de Marcos Cordeiro e Renato Câmara.
Geraldo e Rosa Guedes com Marcos Cordeiro.
Carminha Duarte, Elaine e Diogo Duarte.
Zenaide e Carla Bonald e Mirian Brindeiro.
Ângelo Rafael, Regina Pinheiro, Fernando Henrique, Adeil B. Leite, entre amigos.
Discurso de Posse de Marcos Flávio Gomes Cordeiro
na
Cadeira nº 9
Patrono: Jorge de Albuquerque Coelho
Sr. Presidente
da Academia Olindense de Letras, Dr. Manoel Neto Teixeira.
Ilustres
presidentes ou representantes das diversas academias de letras e artes de
Pernambuco.
Autoridades
presentes ou representadas.
Minhas
senhoras, meus senhores, meus familiares, meus amigos, senhores acadêmicos.
A vocês,
humildemente peço licença para aqui chegar e tomar posse na cadeira nº 9 da
Academia Olindense de Letras, cujo patrono, para minha honra e júbilo, é Jorge
de Albuquerque Coelho. O mesmo Jorge que serviu de tema para o primeiro poema
escrito no Brasil e que deu origem à literatura brasileira – A Prosopopéia de
Bento Teixeira Pinto.
“Cantem
Poetas o Poder Romano,
submetendo
Nações ao jugo duro;
o
Mantuano pinte o Rei Troiano,
descendo
à confusão do Reino escuro;
que
eu canto um Albuquerque soberano,
da
Fé, da cara Pátria firme muro,
cujo
valor e ser, que o Céu lhe inspira,
pode
estancar a Lácia e Grega lira.
E
vós, sublime Jorge, em quem se esmalta
a
Estirpe d'Albuquerques excelente,
e
cujo eco da fama corre e salta
do
Carro Glacial à Zona ardente,
suspendei
por agora a mente alta
dos
casos vários da Olindesa gente,
e
vereis vosso irmão e vós supremo
no
valor abater Quirino e Remo“.
Como também, do Canto IV do meu poema
épico Romançal Paranambuco:
Para cantar Pernambuco,
Olinda e seus brasões,
Bento Teixeira compôs
a saga de dois varões,
cantada em decassílabos,
forma heróica de Camões.
Da cova do mar salgado
pelas mãos do trovador,
saiu a Prosopopéia
canto de vate e cantor,
sobre Jorge e Dom Duarte,
feitos de lutas e de dor.
Das terras de Pernambuco
a terras peninsulares
seguiram os dois guerreiros
vencendo lendas e mares,
domando a mão mauritana
em outros longes lugares.
Na batalha de Alcácer
lutam junto os dois irmãos,
os exércitos lusitanos
são dizimados no chão,
vencidos são pelos mouros,
se encanta o rei Sebastião.
Os dois heróis olindenses
em Fez são prisioneiros.
Duarte morre no cárcere,
Jorge ao reino segue ordeiro,
já na corte lusitana
é de Olinda o herdeiro.
Eis o canto valoroso
de dois bravos guerreiros.
Eis o canto literário
do Brasil o primeiro,
eis o primeiro poema
do cantar brasileiro.
O mesmo Jorge de
Albuquerque Coelho que era escritor, embora suas obras não tenham sido
publicadas, introduziu o teatro em Pernambuco, mandando encenar, em Olinda, as
peças “O rico avarento” e o “Lázaro pobre”.
JORGE DE
ALBUQUERQUE COELHO é um personagem bem conhecido e fascinante da história
luso-brasileira. Nasceu em Olinda a 23 de Abril de 1539 e era filho do
donatário Duarte Coelho Pereira e de sua mulher, D. Brites de Albuquerque.
Mandado para
Lisboa quando jovem foi aí educado, mas voltou para servir nas lutas de
colonização de Pernambuco contra os índios caetés do litoral ao sertão,
beirando o Rio São Francisco, nos anos de 1560-1565. Em Junho deste último ano
embarcou para Portugal. Nessa viagem a nau em que viajava, foi atacada por
piratas franceses e teve uma série de infelicidades e desditas descritas no
“Naufragio que passou Iorge Dalboquerque Coelho, Capitão, E Governador de
Paranambuco”. Em Lisboa: Impresso com licença da Sancta Inquisição por Antonio
Alvarez. Anno M.CCCCCC I [1601]”.
Posteriormente,
serviu ainda em Pernambuco como representante do seu irmão mais velho, o
donatário Duarte de Albuquerque Coelho, partindo do Recife para Lisboa em 5 de
Março de 1576.
Em Portugal,
acompanhou D. Sebastião em ambas as suas expedições à África, sendo gravemente
ferido e feito prisioneiro em Alcácer Quibir, depois de haver oferecido o seu
próprio cavalo ao Rei. Foi resgatado sete meses mais tarde, como um dos
prisioneiros de um grupo de oitenta fidalgos libertados. Seu irmão Duarte,
também aprisionado na batalha, solto em 1581, morreu de volta à casa, enquanto
ainda estava no Reino do Marrocos. Jorge o sucedeu, então, na capitania de
Pernambuco, onde sua mãe viveu até a sua morte aí ocorrida em 1584, mas ele
nunca mais voltou ao Brasil. Casou duas vezes (1583 e 1587). Permaneceu em
Portugal, escrevendo estudos e algumas memórias sobre as guerras da exploração
do Brasil até sua morte no ano de 1602, pouco tempo depois da publicação da
Prosopopéia. Seus dois filhos, Duarte de Albuquerque Coelho e Matias de
Albuquerque, ambos se distinguiram como chefes na defesa de Pernambuco contra
os invasores holandeses em 1630-1638.
Portanto,
história e teatro. Dois horizontes que me fizeram trilhar o caminho das letras:
Seja ele o da poesia épica ou dramática ou ainda algumas veredas e trilhas que
nele se origine.
Desses caminhos,
dois me levaram à Academia Olindense de Letras, trazendo de bagagem, tão
somente, um pequeno cofre feito de ouro e de sentimentos. Nele trago guardado
toda a minha fortuna constituída de três partes. A primeira, o meu amor e
reverência por Olinda e a sua história. A segunda, minha aptidão para as artes
literárias e plásticas herdadas do meu pai – Poeta Waldemar de Sousa Cordeiro e
da minha mãe – Iraci Gomes Raphael de Sousa Cordeiro. A terceira meus livros
publicados:
Vesperal da Solidão – Poesia.
Edições Pirata – 1979
Naufrágio Lúcido – Poesia. Edições Pirata – 1980
Hai-kais para Rafaella - Edições Pirata – 1982
Onde o Coração – Contos. Edições Bagaço – 1986
Nação Paranambuco – Teatro – 1996
Capibaribe do Sol – Teatro – 2004
Orfeu em África – Teatro – 2006
Romançal Paranambuco – 2ª Edição
2007
O pasmoso e Astuto Cão do Piutá – Teatro – 2010
E pelos Prêmios:
Elpídio Câmara de Teatro da Fundação de Cultura Cidade do Recife de 1995, 2003,
2005, 2010.
Edmir Domingues de Poesia da Academia
Pernambucana de Letras de 2008.
Nasci entre a
margem direita do Rio Moxotó e a vista exuberante da majestosa serra de
Jabitacá, num pequeno sobrado do meu avô Manoel Raphael Sobrinho na minha
modesta cidade de Sertânia.
Na minha casa,
logo cedo me familiarizei com música e arte. Fosse a voz de barítono do meu pai
cantando a Serenata de Schubert, Casinha Pequenina, Nostálgias, Siboney, ou
declamando os seus poemas. Meu pai tocava sax, mas tocava também quase todo
instrumento que pegasse além de solfejar uma partitura à perfeição, mesmo que
nunca antes a tivesse lido.
Arte também nos
bordados artísticos de minha querida mãe Iraci. Além do ambiente familiar,
ouvindo a Orquestra Marajoara de Francisquinho, Demétrio e Ziro. A Banda 6 de
junho do Mestre Sebas Mariano onde eu era aprendiz de clarinetista. Os dramas e
shows de Dona Liu Pinheiro no Cinema Emoir, além de suas matinês dominicais.
As inesquecíveis
Festas da Imaculada Conceição e dos Bailes do América Esporte Clube de
Sertânia. As festas juninas no sítio São Francisco, na Fazenda Riacho do Mel em
Irajaí e na Fazenda São José em Cacimbinha. As corridas de argolinhas na Vila
dos Algodões. Os cantadores e violeiros na feira de Sertânia, as cantorias nas
fazendas dos parentes e amigos como na Fazenda Cacimbinha dos meus tios Iaiazinha
e Arcôncio Lins de Albuquerque, na Fazenda Caiçara dos Gomes do meu bisavô “Cel.”
José Gomes dos Santos, na Fazenda Riacho do Mel do meu tio/avô “Major”
Possidônio Gomes dos Santos, na Fazenda Conceição do poeta Ulisses Lins de
Albuquerque e na Fazenda Olho D´Água de Sebastião e Antonieta Lafayette. Os
passeios em Jabitacá, a antiga Varas, na Festa de N.Sra. dos Remédios, ocasião
propícia para o novenário e os almoços nas Fazendas Caiçara, Morcego e Carnaíba
dos primos Desembargador José Gomes Câmara e Assunção, “Cel.” Tércio Raphael e
Theonas e Isauro Torres e Estélite. E o que dizer da cidade de Monteiro – PB,
terra da minha mãe e dos meus tios-avós Olímpio Gomes dos Santos, Jove Raphael
Gomes, Janjão Ferreira e Áurea Raphael Gomes, Philó e Francisco Torres, Santa e
“Major” Napoleão Santa Cruz e Felismina Gomes dos Santos, a não ser a imensa
saudade daquele tempo que continua viva e gratificante na minha memória.
Sim, eu venho lá
do sertão, eu venho montado na lembrança do meu cavalo “Pavão” trazendo corona
e alforjes carregados com essa herança cultural e genética da terra, do sangue
e do nome dos meus bisavôs David Pereira de Sousa Ferraz e Maria Guilhermina de
Sousa Ferraz de Cabrobó e Floresta do Navio, Francisco Raphael de Deus e
Antônia Teixeira de Vasconcelos do Curralinho e Serrote Pintado em São José do
Egito, “Cel.” José Gomes dos Santos e Honorata Arcelina de Jesus, cristã nova,
nascida Teresa Brainer em Sapucarana, distrito de São José dos Bezerros, José
Theodoro de Melo e Anna Amélia de Sant´Anna Freire.
Eu venho lá do
sertão com a memória centrada nas utopias e nos romances de cordel, nas
estórias fantásticas e casos de cangaceiros, penitentes, beatas, beatos,
eremitas e santos da terra do sol.
Portanto, minhas
senhoras e meus senhores, eu vim lá do sertão para estudar e como dizia minha
Tia Carmelita Raphael Leite: para ser gente. Estudei no Colégio Salesiano do
Sagrado Coração de Jesus no Recife, no Colégio Visconde Mauá da Faculdade de
Ciências Econômicas na Av. Conde da Boa Vista no Recife, na Faculdade de
Odontologia e Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco e na
Escola de Zootecnia da Universidade Rural de Pernambuco. Paralelamente já havia
me matriculado na Universidade Livre da Existência. Nela aprendi com a grande
mestra Vida, a cultivar cultura.
A Casa do
Estudante de Pernambuco, a Livro 7, o TPN, as sessões de arte do cinema São
Luís, o Teatro Santa Isabel, a Fundação Nabuco, o Museu do Estado de
Pernambuco, o Museu Murilo Lagreca, as inúmeras galerias de Arte do Recife, a Oficina
154 e o Sobrado 7 de Olinda, a Oficina Guaianases de Gravura na Ribeira e o MAC
de Olinda, entre outros, todos esses espaços foram salas de aula para mim.
Diplomado pela
vida optei pela paleta e pelas letras. Deixei minha rubrica em diversas pinturas,
desenhos, murais e livros. Após residir no Recife, no bairro do Derby e da Boa
Vista, acompanhei minha família, vindo residir no Sítio Histórico de Olinda em
1966. Vindo para Olinda vim habitar num cenário onde aconteceram e acontecem fatos
marcantes da História e da Cultura do nosso Pernambuco.
Altas noites de silêncio,
sons de antigos mistérios,
os ventos tocando harpas
no alto dos monastérios.
Nos coqueirais de Olinda
Se ouve odes, saltérios.
Olinda é Mãe da República,
da linhagem mais seleta.
As suas sete colinas
lhe dão a legenda e a meta.
Terra irmã da liberdade,
musa casta dos poetas.
Olinda, seu seminário
é nobre escola de bravos,
em seu claustro sagrado
há heróis, não há escravos,
seus ideais libertários
lhe valem rosas e cravos.
Olinda tem seus conventos
em suas velhas ladeiras.
Nos mosteiros seculares
transitam frades e freiras.
Sob o céu da liberdade
seu nome é sua bandeira.
Aqui chegando, não só respirei
o cheiro dos jasmins e dos bugaris dos seus jardins, aqui chegando respirei
história e poesia, e nesse ambiente barroco e venerando de Pernambuco, tirei o
meu passaporte para a vida e agora nessa Academia compartilho os meus sonhos
com os meus pares e com todos vocês que hoje testemunham o meu ingresso
definitivo na alma e na história de Olinda. Para encerrar essas breves
considerações eis a minha senha para aqui sentar e poder dizer:
Sobre sete colinas
em bela situação,
à beira do mar antigo
ouviu-se uma exclamação:
“... para uma bela cidade
ó linda situação!...”
Disse D. Duarte Coelho
o primeiro donatário
ficando Olinda criada
qual um santo relicário
do sangue pernambucano,
do seu sangue libertário.
Tendo aos pés o mar imenso
Olinda é filha das ondas,
miradouro de Ondinas
e de Netunos em ronda
sobre os corais do Atlântico
onde o vagalhão estronda.
Em Olinda tem Ondinas
nas noites de lua cheia,
passeando nas colinas
sob o canto das sereias
que se encantam em meninas
quando na praia passeiam.
Olinda, 11
de agosto de 2012.
Marcos
Flávio Gomes Cordeiro
Encantadora a apresentação. Aproveito para perguntar, seguro de que obterei a resposta: O dr. Jarbas Cardoso de Albuquerque Maranhão foi acadêmico dessa briosa Academia? Caso sim, qual a data de posse e o nº da cadeira, com o nome do respectivo patrono. Grato, 24 10 15.
ResponderExcluirEncantadora a apresentação. Aproveito para perguntar, seguro de que obterei a resposta: O dr. Jarbas Cardoso de Albuquerque Maranhão foi acadêmico dessa briosa Academia? Caso sim, qual a data de posse e o nº da cadeira, com o nome do respectivo patrono. Grato, 24 10 15.
ResponderExcluirEncantadora a apresentação. Aproveito para perguntar, seguro de que obterei a resposta: O dr. Jarbas Cardoso de Albuquerque Maranhão foi acadêmico dessa briosa Academia? Caso sim, qual a data de posse e o nº da cadeira, com o nome do respectivo patrono. Grato, 24 10 15.
ResponderExcluirEncantadora a apresentação. Aproveito para perguntar, seguro de que obterei a resposta: O dr. Jarbas Cardoso de Albuquerque Maranhão foi acadêmico dessa briosa Academia? Caso sim, qual a data de posse e o nº da cadeira, com o nome do respectivo patrono. Grato, 24 10 15.
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