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terça-feira, 26 de maio de 2009

CABRA DO MOXOTÓ


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Eu e a minha filha Rafaella em Sertânia
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Louvação para mãe cabra do Moxotó e outras cabras.
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Para José de Sousa Leal
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Louvo, louvei e vou louvar a mãe-cabra do Moxotó;
Louvo aquela em que Zeus mamou;
Louvo aquela que dos seus chifres se fez a cornucópia - símbolo da abundância;
Louvo a irmã do sol – a 5ª mais brilhante estrela do céu.
Louvo aquela cujo macho simboliza a virilidade na natureza;
Louvo aquela cujo filho é consagrado a Dionísio (Baco),
É venerado no Egito e serviu de montaria a Afrodite (Vênus).
Louvo aquela que é a mais antiga espécie doméstica depois do cão
E é o primeiro animal leiteiro que o homem utilizou depois da mulher.

Mãe de leite do sertão é a companheira fiel e forte do sertanejo.
Mais que a vaca é a mãe anônima dos nordestinos da sorte.
É a cabra de corda da zona da mata e do agreste.
São as centenas de mães de chiqueiros dos sertões do Nordeste brasileiro.
Fixadoras do homem na caatinga são cúmplices na luta contra o meio adverso.
Ecologicamente adaptada, não a agride a deprimida e áspera terra nordestina.
Com a terra se inter relaciona e se completa em perfeita harmonia, qual se dela saísse.
Nas brenhas ressequidas e inóspitas, nas áridas veredas e nos agressivos serrotes e lajedos da Borborema tem o seu paraíso.
Entre quixabeiras, aroeiras, baraúnas, umbuzeiros, juremas, mandacarus, facheiros, alastrados, moleque-duros, faveleiros e quipás, entre outros “espinhos”, circunscreve o seu mundo, a sua geografia.
Vitoriosa, sobrevive onde o boi falece vítima da inclemente seleção natural da caatinga.
É a Moxotó de Sertânia em Pernambuco, Marota na Bahia, Canindé no Ceará e no Piauí.
Como é admirável esse membro da família Bovidae, Subfamília Caprinae.
É a Capra hircus de cuja ascendência três espécies contribuíram para a sua gênese: a Capra aegragus ou Cabra bensoar dos planaltos ocidentais da Ásia, a Capra falconeri, também da Ásia mais oriental e indiana, e a Capra prisca de Adamentz, já extinta e que parece ser o tronco mais antigo e primitivo.
É ela a rústica ama seca dos pobres, subsistência das populações rurais do Nordeste.
A primeira e natural Bolsa-família dos pobres do Nordeste Brasileiro.

Louvo aquela que, ao contrário do bovino – que só é levado ao mercado na idade de 3 a 4 anos no melhor dos casos – requer apenas 5 a 6 meses em condições idênticas;
Louvo a sua melhor produtividade entre todas as espécies ruminantes domésticas;
Louvo a sua participação para a produção de peles e produtos derivados;
Louvo aquela que requer em média como área mínima para a manutenção de um animal/ano, 4 hectares contra 5 há para o ovino e 6 a 10 ha para o bovino na região do Polígono da Seca;
Louvo aquela cuja carne apresenta a menor taxa de gorduras e calorias, conseqüentemente, de colesterol, como também a mais alta de proteínas, (esta última igual a bovina) comparada com a de suínos, ovinos e aves;
Louvo aquela cujo leite apresenta o teor de proteínas e gordura superior ao da vaca; Louvo aquela cujas vísceras nos dão a celestial “buchada”, iguaria digna dos deuses, o mais suave queijo de coalho, o mais delicioso dos assados e o mais suculento dos guisados;
Louvo aquela que dá coragem ao nordestino para ser “antes de tudo um forte”;
Louvo as cabras madrinhas, amantes favoritas das primeiras “desinocências” dos meninos do sertão;
Louvo ainda a minha primeira cabra que era “pé dura”, presente de Da. Nina Dodô quando eu tinha 10 anos de idade;
Finalmente louvo aquela a quem peço a benção e que poderá tornar-se uma grande parceira do homem do sertão nordestino para a sua fixação e sobrevivência no semi-árido do Nordeste.

Marcos Cordeiro
Escritor e Zootecnista.


sábado, 9 de maio de 2009

Recife - No tempo das alvarengas


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No tempo das Alvarengas ...................................................................



Marcos Cordeiro

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Ainda me lembro. Era o mês de julho do ano de 1954, eu tinha 10 anos de idade. Eu e as minhas irmãs havíamos chegado de Sertânia com minha mãe. Viemos de trem que era o transporte de 90% da população. O trem da “serra” como era chamado para diferenciar do trem de Alagoas e do trem de João Pessoa, com aqueles vagões de madeira envernizada, com poltronas recobertas de couro, lustres de cristal e diversos outros detalhes de bronze dourado igual aos trens dos filmes de faroeste. Na minha visão só faltavam os cowboys, os bandidos e os índios, montados nos seus cavalos, perseguindo o trem. Era uma encantadora sucessão de surpresas em cada estação que o trem parava para descida e subida de passageiros como também para colocar água, lenha ou óleo nas locomotivas. Era a época das Marias Fumaças e a duração da viagem era de 9 horas de Sertânia ao Recife. A viagem era cansativa e demorada, mesmo saltando em Tegipió onde ficaríamos hospedados na casa do meu avô Manoel Sobrinho que ali residia, depois da sua enfermidade que o obrigou a deixar sua loja, suas propriedades rurais e outros negócios em Jabitacá e Sertânia. Foi então, nessa viagem que, deslumbrado, eu conheci o mar. Que revelação! Eu nunca tinha presenciado tanta água. Para nós sertanejos acostumados com pouca água e só a vendo em grande quantidade, uma vez ou outra, quando havia cheia no rio Moxotó em um ano e oito não. E mesmo assim, não havia termos de comparação. Eu só fazia exclamar comigo mesmo - Que barrajona! Que barrajona! Era demais pra minha cabeça, sem entender direito porque o mar se encontrava com o céu lá longe no horizonte, onde a vista alcançava... Logo no outro dia após a nossa chegada acompanhei mamãe às compras na Rua do Livramento e demais ruas no entorno do Mercado de São José onde paramos para saborear um delicioso caldo de cana com bolo de bacia ou pão doce. Fomos num trem suburbano e durante o percurso ao longo da via férrea, logo depois da Estação de Areias, fui observando os mangues e viveiros de curimãs e camarões situados às suas margens. Foi também quando observei pela primeira vez os famosos mocambos cobertos de palha descritos por Gilberto Freyre e outros estudiosos, entre coqueirais e manguezais povoados de guaiamus, caranguejos uçais e aratus. Cada lugar que eu conhecia trazia sempre uma novidade para mim como no dia em que ao término das compras, em vez de voltarmos de trem para Tejipió, mamãe resolveu voltar de ônibus e fomos apanhá-lo no cais de Santa Rita. Aí, sim! Eu vi pela primeira vez as alvarengas com seus nomes bonitos como Maria Digna, Flor de Maio, Guararapes, Manacá, etc. Enormes, com suas velas enroladas nos mastros e dezenas de estivadores descarregando sacas de açúcar, farinha, feijão, caixotes, cachos de bananas, abacaxis, jacas, cabras, carneiros, galinhas e tudo o mais que os municípios da zona da mata produziam. Eram dezenas e estavam ancoradas no espaço compreendido entre a Ponte Maurício de Nassau, o cais da Alfândega, o cais de Santa Rita, a partir do Grande Hotel e a ponte giratória, que permitia a entrada ou saída daqueles “navios” enormes. De outras vezes que por ali passei, eu pude observar aquela movimentação constante dos marinheiros carregando ou descarregando aquelas embarcações que para mim eram as maiores do mundo. Aquele balouçar constante, ocasionado pela brisa do Recife, dava asas a minha imaginação sobre o roteiro daqueles barcos e da vida no interior dos mesmos. Por quantas aventuras não passavam aqueles embarcadiços em seu dia-a-dia de cada embarcação. Algumas vezes tive a oportunidade de observar o roteiro de um daqueles barcos. Ao levantar âncora do cais, o mesmo passava pela ponte giratória e já no cais do porto do Recife, dobrava à esquerda e nunca à direita que ia para a bacia do Pina. Seguia em frente até a barra onde o rio Capibaribe encontra o oceano e ali, já fora da barra, onde antigamente se chamava de Lamarão, partia para o norte na direção do Canal de Santa Cruz, Itamaracá, Barra de Catuama e Goiana ou para o sul na direção do Cabo, Suape, Porto de Galinhas e São José da Coroa Grande. Das muitas coisas que conheci no Recife, naqueles tempos, muitas me fizeram sonhar, porém, foi nas alvarengas do cais de Santa Rita onde mais eu naveguei por mares povoados de peixes e animais fantásticos e por territórios onde só a inocência e o sonho nos leva, a felicidade. Com o “progresso” da multiplicação das rodovias, priorizando o transporte rodoviário, que encareceu tudo e a urbanização desenfreada da cidade do Recife, que inclusive desmontou a ponte giratória, a navegação costeira e de cabotagem deixou de ter importância para o comércio e para a população da cidade que teve de agüentar de goela abaixo o progresso dos novos tempos. Aos poucos as alvarengas foram navegando cada vez para mais longe e para sempre da paisagem do Recife no início dos anos 60.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Recife - Cidade História


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Recife, cidade história.
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O Recife é uma cidade livro. Livro Ilustrado de História. É uma cidade onde páginas da História de Pernambuco e do Brasil foram e são escritas permanentemente. Cada rua, praça, largo, terreiro, beco, igreja, convento, museu, academia, cais, praia, cemitério, quartel, fortaleza, masmorra, hospital, prisão, escola é uma página que se escreve. Ontem por eles, hoje por nós.
Onde quer que se vá, ali aconteceu algum fato importante da nossa história. Locações vivas de um filme ainda em processo de filmagem, o perímetro urbano da cidade e os seus arredores é uma verdadeira cidade cenográfica à espera de um Diretor.
Se andarmos pela Rua do Imperador, Largo do Terço, Largo das Cinco Pontas e Pátio do Carmo a gente pode estar caminhando sobre os passos do poeta e revolucionário republicano Frei Joaquim do Amor Divino Caneca a caminho do Último Ato do seu martírio pelas 1ª e 2ª Repúblicas Brasileiras de 1817 e 1824, aqui proclamadas. Por esses locais se respira o mesmo ar que um dia ele, os seus companheiros e os seus algozes respiraram. Caminhando por esses cenários antigos recebemos no rosto a mesma brisa que naquele dia fatídico de 1817 beijou-lhe a face extenuada de dor e patriotismo, como se uma última carícia da parte de Pernambuco pela sua luta em prol da República Brasileira.
Não há como fugir de uma reflexão sobre esses acontecimentos quando passamos por essas vias, e paramos um pouco na frente do prédio (modificado) do Arquivo Público Estadual na Rua do Imperador que foi naqueles dias a “cadeia velha” onde o carmelita foi aprisionado e, seguindo essa “via dolorosa”, chegamos ao Largo do Terço onde o mesmo foi desautorizado das suas vestes eclesiásticas. Continuando o roteiro chegamos ao Largo das Cinco Pontas onde aconteceu o arcabuzamento do mártir republicano. Encerrando a “Via Crucis”, chegamos ao Pátio do Carmo onde em frente da imponente Basílica e do Convento do Carmo não podemos deixar de nos lembrar que depois da sua execução o que dele restou foi jogado como trapo nas suas portas e que mesmo, no seu interior, esses restos repousam em lugar nunca revelado para que não fossem violados. Costume nefando e anticristão colocado em voga naquela época pelo abominável Governador Luis do Rego Barreto. O mesmo que violou a cova do desditoso Padre João Ribeiro de Melo Montenegro, um dos nossos mártires de 1817, para que a sua cabeça e demais partes do corpo fossem expostas em vias públicas.
Ainda sobre a Rua do Imperador, que já se chamou 15 de novembro e que era o caminho percorrido constantemente pelos alunos, inclusive Castro Alves, entre a célebre Faculdade de Direito e o Teatro Santa Isabel, foi durante anos a rua “mais politizada” do Recife. Essa rua teve muita importância por sediar na sua esquina com o Campo das Princesas um importante Quartel de Cavalaria e a maioria dos jarnais de Pernambuco desde o sec. XIX. Muita agitação, passeatas e correrias ali aconteceram, principalmente nas Campanhas: Abolicionista, da Proclamação da República, Civilista de Rui Barbosa, Salvacionista de Dantas Barreto, na Revolução de Trinta e em outros fatos importantes do Recife, do Estado e da Nação.
Como não se emocionar quando ae pisa o solo sagrado da Praça da República? Ela que já se chamou Campo do Palácio, onde existiu o imponente palácio das Torres de Nassau e o seu Jardim Botânico – o 1º do Brasil, Campo do Erário por ter sediado o Erário e posteriormente Campo da Honra, onde em cerimônia de gala foi abençoada a bandeira da Revolução Libertária Pernambucana de 1817 e ainda Campo dos Mártires por ter sido o cenário dos fuzilamentos e enforcamentos de diversos revolucionários como Lázaro de Sousa Fontes, Antônio Macário de Moraes, Agostinho Bezerra Cavalcanti, Antônio do Monte, Nicolau Martins Pereira, Jaime Heide Rogers e Francisco Antônio Fragoso, entre outros.
Como não fazer uma reverência ante o Teatro Santa Isabel, recordando as disputas amorosas e poéticas de Tobias Barreto e Castro Alves, ante as suas musas Eugênia Câmara e Adelaide Amaral, do alto dos seus camarotes; os discursos inflamados de Joaquim Nabuco, José Mariano Carneiro da Cunha e demais membros do Clube do Cupim em prol da abolição da escravatura; os discursos pela proclamação da República de Maciel Pinheiro, Silva Jardim e José Isidoro Martins Júnior; a oratória magnífica de Rui Barbosa durante a Campanha Civilista; as orações de José Neves e Assis Brasil pela grandeza do Brasil; a pregação democrática de Tancredo Neves pelas “diretas já”; a presença na sua ribalta de Ana Pavlova na dança; Sansone, Augusta Candini e Parodi na Ópera; Carlos Gomes, Euclides Fonseca, e José Augusto na música. As presenças cênicas de João Caetano, Furtado Coelho, Ângela Pinto, Palmira Bastos, Leopoldo Fróes, Apolônia Pinto, Itália Fausta e Dulcina de Morais, entre muitas outros glórias da Arte Dramática.
Como anular o eco dos memoráveis recitais de Guiomar Novaes, Magda Tagliaferro, Kreyler e Balduina Moreira, a célebre Bidu Sayão.
Mais recentemente a passagem por suas coxias de Samuel Campelo como Diretor do Teatro e como líder do famoso grupo Gente Nossa, Alfredo e Waldemar de Oliveira com o Teatro de Amadores de Pernambuco, Hermilo Borba Filho com o Teatro do Estudante de Pernambuco, Luis Marinho com o seu “Um Sábado em Trinta” e toda uma constelação de atores e atrizes que fizeram e fazem a grandeza do Teatro Pernambucano.
No seu venerado palco diversas gerações de alunas de Tânia Trindade, Flávia Barros e Ruth Rosenbaum executaram magníficas coreografias de balé clássico. Anos depois assistiu-se apresentações do Balé Popular do Recife.
Não podemos deixar de citar os recitais de Nelson Freire, Artur Moreira Lima, Marcos Caneca, e as grandes pianistas pernambucanas: Ana Lúcia Altino, Josefina Aguiar, Elyanna Caldas, Jussiara Albuquerque, Maria Clara Fernandes de Lima, entre outros.
Ainda no ex Campo da Honra, vale relembrar o espetáculo épico do valente guerrilheiro do Jacuípe, Pedro Ivo Veloso da Silveira à frente do seu Exercito cercando o palácio do Governo da Província na época da Revolução Praieira:
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Tendo à frente Pedro Ivo
em Pernambuco surgiu
nova força libertária
que se insurge no Brasil:
negros, mulatos e brancos
“os valentes cinco mil”.
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Canto e louvo a rebeldia
de um valente caudilho
comandante de guerreiros
herói de sabre e gatilho
Pernambuco se orgulha
de Pedro Ivo, seu filho.
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Como não acionar mais uma vez a sensibilidade ao se parar ante as escadarias da Basílica da Penha e pensar que ali descansam os restos mortais de duas grandes personalidades da História Brasileira: O primeiro é Dom Frei Vital Maria de Oliveira, célebre pelas suas posições contra certos ritos e segredos da Maçonaria e que originou a polêmica Questão Religiosa, ainda na Monarquia, que o levou a prisão na ilha das Cobras no Rio de Janeiro e cujas cinzas repousam em suntuoso túmulo de mármore no interior do templo. O segundo é o não menos famoso poeta baiano Gregório de Matos Guerra – glória da Literatura Barroca Brasileira, que tem os seus restos mortais sepultado em lugar ignorado da Basílica ou do Convento da Penha. Autor de vasta literatura sobre temas satíricos, políticos e religiosos, é mais conhecido como o “Boca do Inferno” devido a sua verve crítica e impiedosa contra a Monarquia, o Estado, Igreja e o Clero.

O descanso das cinzas de Gregório de Matos no coração da cidade do Recife, cidade que lhe serviu de abrigo e bálsamo na sua aventura terrestre, após sua expulsão da Bahia e do exílio em Angola, talvez seja a única reparação da História por todos os males causados pela Bahia a Pernambuco, como as invasões do nosso território em 1817 e 1824 pelas forças monarquistas, a ocupação da nossa Comarca do São Francisco e a polêmica compra da coleção Rodrigues. Isto, porém, serão temas de outras postagens. Fiquemos então, envolvidos pela poesia de Gregório de Matos Guerra.
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Mandai-me, Senhores, hoje
que em breves rasgos descreva
do Amor a ilustre prosápia,
e de cupido as proezas.
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Este, que a Sansão fez fraco,
este, que o ouro despreza,
faz liberal o avarento,
é assunto de poetas.
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Faz o sisudo andar louco,
faz pazes, ateia a guerra,
o frade andar desterrado,
endoidece a triste freira.
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Um antídoto que mata,
doce veneno que enleia,
uma discrição sem siso,
uma loucura discreta.
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O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta.
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Encerrando a presente postagem, vale passar pela confluência da Av. Guararapes com a Av. Dantas Barreto para uma reverência a memória da Igreja e do Hospital do Paraíso que ali existiram e onde os revolucionários da Academia do Paraíso se reuniam para ouvir os discursos e as palavras de ordens do nosso mártir maior Frei Joaquim do Amor Divino Caneca.


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Marcos Cordeiro - Artista Plástico


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Jaci Bezerra
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BIOGRAFIA QUE SE FAZ DE MARCOS CORDEIRO
NATURAL DE SERTÂNIA, PERNAMBUCO, PINTOR,
POETA E CERAMISTA QUE TEM, EM OLINDA,
DESENHADO FORMOSOS BICOS DE PENA DE IGREJAS,
MOSTEIROS E PRÉDIOS SECULARES, CRIANDO
TAMBÉM, OS SEUS PINCÉIS E TINTAS, UM
MUNDO DE MULHERES E FRUTAS QUE TEM ENCANTADO
OS SEUS MAIS SEVEROS COMPANHEIROS DE GERAÇÃO.


Muito antes de existir, já existia,
bela, apesar de intrusa,
a cor desesperada que podias
pintando dispensar, no entanto usas.

Sobre essa cor, que sonha e não se nega,
nunca, aos teus embaraços,
colorindo os verões, Deus escorrega
dos céus para sonhar entre os teus braços.

Faz mais ainda, pois sereno e grave,
na sua algaravia,
pintando os anjos e inventando as aves
cria, dentro do mundo, outra alegria.

Por habitar o mundo, em ti conservas
essa cor, quando pintas,
cônscio, dentro do mundo que observas,
que ao pintar tua cor também te pinta.

Mas cor nenhuma entende os teus excessos
no espaço onde me acho,
se abandonando a luz, pintas meus versos
e enches, pintando as minhas mãos de pássaros.

Fatigado, no espaço da janela,
quando a noite te cansa,
aquém da luz, e além das tuas telas,
pintas no céu um anjo, e então descansas.
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Jaci Bezerra
Livro de Olinda – Edições Pirata, 1982.
Grumetes Serviços Editoriais.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Monteiro - PB - O sangue e o nome pernambucano em suas veias.


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Da. Leonila Gomes Rapahael
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Cap. Manoel Raphael Sobrinho



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O Nome e o Sangue
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- Monteirenses de Pernambuco
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Marcos Flávio Gomes Raphael Cordeiro
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É das mais importantes a participação de pessoas nascidas em Pernambuco que se instalaram em Monteiro – PB a partir de fins do sec. XIX e princípios do sec. XX, para a formação da sociedade daquela cidade e de grande parte daquela região situada no Cariri Paraibano. Essa participação se deu em diversos setores, principalmente na indústria, na pecuária, na agricultura, na política e conseqüentemente na formação familiar e intelectual do Município. Diversos membros de famílias notáveis pernambucanas ao se estabeleceram em Monteiro, determinaram a importância da influência de nome e de sangue pernambucano no engrandecimento e progresso do Município, devido às funções que esses pioneiros e os seus descendentes passaram a exercer como industriais, farmacêuticos, médicos, advogados, fazendeiros, comerciantes, prefeitos, vereadores, patriarcas e matriarcas de importantes núcleos familiares.
A tênue e imperceptível linha divisória entre os Estados de Pernambuco e Paraíba não foi empecilho para esse fato, aliás, de grande importância, para a História e a formação da cultura desses dois Estados irmãos e solidários, que foram, em diversos momentos cruciais das suas histórias, como na Revolução de 1817, na Confederação do Equador em 1824 e na Revolução de 1930.
As propriedades rurais de muitos desses pioneiros pernambucanos situavam-se em áreas localizadas na divisa dos dois Estados, englobando, por conseguinte, terras dos dois lados dessa divisa, como os Coronéis Paulino Raphael da Cruz, Francisco de Alcântara Torres e José Gomes dos Santos, entre outros. Com o passar do tempo muitos descendentes de pernambucanos nascidos em Monteiro, numa Diáspora Pernambucana, retornaram a Pernambuco para estudar, trabalhar e até mesmo se estabelecer permanentemente no Recife, Sertânia, Afogados da Ingazeira, Iguaraci, Jabitacá e em outras cidades, realizando, então, o contrário dos seus pais e avós, o retorno a terra mãe, Pernambuco.
Dentre as diversas famílias pernambucanas que se estabeleceram em Monteiro, formando verdadeiros clãs, podemos citar: família Raphael - São José do Egito, família Gomes dos Santos – Goiana, via São Caetano, família Menezes – Carpina, família Rodrigues Feitosa – Pão de Açúcar/Pesqueira, família Melo Falcão – Pesqueira, família Jansen – Olinda, família Alves da Silva (Paraguai) – Vitória de Santo Antão.
Muitos desses pioneiros até hoje são verdadeiras legendas vivas na História de Monteiro. Entre esses, podemos citar: Coronel Manoel Joaquim Raphael, grande comerciante, fazendeiro, industrial e piedoso benfeitor de obras pias e sociais, Coronel Paulino Raphael da Cruz, industrial, pecuarista e agricultor, Cizenando Raphael de Deus, ex Prefeito de Monteiro e industrial, pecuarista e agricultor, Andrelino Raphael de Deus, pecuarista e agricultor, Coronel Francisco Cândido de Melo Falcão, Coronel Sátiro Rodrigues Feitosa, industrial, pecuarista e agricultor, Manoel Raphael Sobrinho, comerciante, pecuarista e agricultor, Dr. Alcindo Bezerra de Menezes, ex Prefeito, farmacêutico, pecuarista e agricultor, Dr. Jaime Bezerra de Menezes, pecuarista e agricultor, Olímpio Gomes dos Santos, comerciante, pecuarista e agricultor, Victor Gomes dos Santos, pecuarista e agricultor, João Ferreira Gomes dos Santos, pecuarista e agricultor, Miguel Jansen de Paiva Pinto, professor, tabelião, pecuarista e agricultor, Elísio Raphael, pecuarista e agricultor, José Augusto Raphael, pecuarista e agricultor. Tanto quanto os homens, as mulheres como esposas e/ou mães, merecem destaque na formação da história de parte da sociedade monteirense e, consequentemente, de parte do Cariri Ocidental da Paraíba, também transmitindo o sangue e o nome pernambucanos, como: Da. Joana Amélia Gomes Santa Cruz (Santa), esposa do major Napoleão Santa Cruz, matriarca do clã Santa Cruz da Fazenda Jatobá; Da. Philomena Gomes de Torres (Filó), esposa do Coronel Francisco de Alcântara Torres, matriarca do Clã Torres da Fazenda Carnaíba; Da. Áurea Raphael Gomes, matriarca do clã Gomes Raphael da Fazenda Cacimba Nova; Da. Theonila Raphael, esposa de Andrelino Raphael da Fazenda Varzinha; Da. Zulmira Gomes dos Santos, esposa de Victor Gomes dos Santos da Fazenda Caiçara; Da. Carmelita Gomes Raphael Leite, esposa do ex Prefeito de Monteiro, Luis Leite Soares, entre outras.