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domingo, 26 de maio de 2013

SERTÂNIA - 140 ANOS







 
 
Ode dialogada a Sertânia e ao Moxotó
                                                                                             
                       Marcos Cordeiro
 
Por ser terra venturosa,
ancestral e veneranda,
fui a origem do tempo,
dancei torés, sarabandas.
Revi cordéis, colhi versos
na memória das cirandas.
 
Abrindo as páginas do tempo,
sinto uma aragem de gestas
e  o troar de muitas guerras.
Nas suas áridas florestas.
esturram pumas vermelhas,
sabiás cantam em festa.
 
Seguindo a trilha do couro
vi guerreiros de gibão,
cavaleiros de couraça
fincando a cruz e o mourão.
De Antão e Catarina,
ferraram a fogo o brasão.
 
Por ser terra tão formosa,
fidalga, infanta, altaneira,
em Jabitacá decifrei
sagas tapuias, guerreiras.
Filho do Moxotó brabo,
canto o seu sangue e bandeira:
 
Descendo da cordilheira
ele é rio e circunstância,
lavando a lâmina do tempo,
levando orgulho a distância,
na voz e cantos dos ventos,
seus amigos de infância.
 
Anfíbio é verso e é rima
no martelo do meu canto.
Agalopando seus passos
dá emoção e colhe pranto.
Dos altos da Borborema
segue seu rumo e encanto.
 
Além das horas, sonâmbulo,
ele corre em muitas patas.
No ouro das madrugadas
beija lajedos e matas.
Os seus cavalos de brumas
tem ferraduras de prata.
 
Deixando a urbe rupestre
leva o seu nome e seu grito.
Do seio de Paranapuka
extrai seu sangue invicto
e salta do São Francisco
para os braços do Infinito.
 
- Vou embora, eu vou embora
lá dos altos do sertão.
Das terras de Pernambuco,
levo história e o seu brasão.
- Vou embora, eu vou embora
deixo saudoso o meu chão.
 
- Vou ligeiro, eu vou correndo,
talvez eu vá soluçando.
Para o mar estou seguindo,
para os homens estou cantando.
Para o oceano Atlântico
Sertânia eu vou carregando!
 
                                                                                        OLINDA, maio de 2013.